Por cadu.bruno

Rio - Dizia o Barão de Itararé, “há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”. Isso se aplica à sexualidade pós-moderna. Embora sejamos todos, por nascimento, do sexo masculino e feminino (ou hermafrodita), há mais gêneros sexuais do que hétero e homossexualidade.

A homossexualidade é, hoje, considerada, pela maioria dos países do Ocidente e pela Igreja Católica, uma tendência natural do ser humano. Foi banida da lista de doenças mentais da Organização Mundial da Saúde (1993) e, no Brasil, do Conselho Federal de Psicologia. Embora alguns evangélicos insistam em qualificá-la de “demoníaca” e prescrevam a “cura gay”...

Quando se fala em ideologia de gênero, passa-se a impressão de que o conceito deriva de uma cabeça pornográfica, sem refletir a realidade. Família e escola costumam silenciar quando se trata de temas radicais (de raiz) da vida, como sexo, dor, morte, fracasso, ruptura conjugal, falência etc. Não raramente dão educação sexual como meras aulas de higiene corporal para evitar doenças sexualmente transmissíveis. O fundamental não é abordado: a constituição do amor como vínculo afetivo e efetivo.

Os nascidos no século 21 se iniciam na vida sexual em idade mais precoce. Meninas transam com meninas, meninos, com meninos, sem que isso expresse necessariamente uma identidade sexual. “Ficar”, “selinho” e rotatividade de parceiros tendem a banalizar o sexo, praticado como se fosse um esporte prazeroso.

Vários fatores contribuem para essa revolução sexual: a indiferença religiosa ou a espiritualidade desprovida da noção de pecado; a erotização (vide peças publicitárias); qualquer adolescente pode acessar todo tipo de pornografia na internet; e a velha moral burguesa.

O que fazer? Liberar geral, com todos os riscos de Aids e gravidez indesejada? Resgatar o moralismo, reaquecer o fogo do inferno e estimular a homofobia e o genocídio de LBGTodos? Há que ir ao cerne da questão: formar a subjetividade. O jovem que se droga clama: “Não suporto essa realidade. Quero ser amado!” A jovem que transa com diferentes parceiros grita: “Quero ser feliz!” Porém, ninguém ensinou a eles que a felicidade não resulta da soma de prazeres. É um estado de espírito do qual se desfruta mesmo em situações adversas.

Pretender evitar a promiscuidade sexual dos jovens sem educação da subjetividade é esperar que alguém seja honesto sem estar impregnado de valores éticos.

Frei Betto é autor de ‘Felicidade foi-se embora’, em parceria com Leonardo Boff e Mário Sérgio Cortella (Vozes)

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