Por thiago.antunes

Rio - Os fatos vistos a partir do dia 4 de março lacraram uma polarização no Brasil. Naquele dia, pela condução coercitiva do Lula. Nos dias seguintes, pela prisão preventiva solicitada pelo MP-SP, sucedida pelo manifesto dos promotores e procuradores que condenaram a banalização desse tipo de prisão.

O resultado? Recordes de audiência, inclusive nas redes sociais; movimento de prisão de Lula e o surgimento do herói Sérgio Moro. Fatos esdrúxulos considerando que Lula não ocupa cargo de Estado e Moro é um servidor público que deve promover a Constituição e não a disputa política.

Não são os processos de corrupção — que marcam a história e a formação do Estado brasileiro — que dividem a sociedade. Não é a corrupção que fez com que a Fiesp, boa parte dos meios de comunicação e os partidos das direitas/elites participem das ações contra Lula, Dilma e PT, como domingo. Por que só agora parte das elites vai às ruas protestar contra a corrupção? Por que não reconhecem que foi Lula quem criou condições para que as instituições investigassem os mais ricos e os partidos?

O que faz com que a elite e suas organizações se mobilizem é o osso que não desce em suas gargantas. Como um torneiro mecânico — o melhor presidente da história — estabeleceu direitos para pobres e negros? Como o torneiro mecânico promoveu transformações simbólicas — e que precisam avançar mais? Frise-se: “Muda Mais” foi o coração da campanha vitoriosa de Dilma no segundo turno e, até agora, esquecido pela presidente.

Um país menos corrupto é feito com participação, instrumentos democráticos de controle social e com espaços para que a sociedade interfira, dialogue, controle e apresente caminhos. Quanto mais democrático, mais participativo, e mais liberdade para expressar opiniões, a tendência é diminuir a corrupção.

No Brasil é possível eleger, a cada quatro anos, representantes em todos os níveis. Por que recorrer a um “golpe de mão”? Mobilize-se! Defendam suas bandeiras e elejam os melhores representantes. Diferente da época ditatoriais, hoje todos podem se manifestar. Só espero que, dessa polarização, os que querem mais democracia, menos desigualdades, mais direitos e mais dignidade fiquem mais fortes.

Eduardo Alves é sociólogo e diretor do Observatório de Favelas

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