Por felipe.martins

Rio - A política no Brasil não anda manchada apenas pelos casos de corrupção, que estão em todos os partidos e em mais de um governo. A própria democracia está ofendida pela arrogância e prepotência de titulares de mandatos no Executivo, seja de prefeituras, estados ou no governo federal. Hoje, usam-se as funções para dar vazão a instintos grosseiros e totalitários, para humilhar, e não para servir. O que, pelo menos em ano eleitoral como este, deveria ser evitado.

Petrópolis, a Cidade Imperial, assistiu a mesquinha, inimaginável e absurda — pela falta de um mínimo de sensibilidade — atuação do preposto do prefeito Ruben Bomtempo, que governa a cidade pela segunda vez e é filho de político, no Horto Mercado Municipal Jornalista José Carneiro Dias, na sofisticada Itaipava.
Um grupo de artesãos vende seus produtos e serviços no pátio externo. A organização foi feita, na sua origem, há mais de 15 anos, pelo trabalhador Augusto Daniel da Silva, estimado e admirado pelos que frequentam ou trabalham ali. Falecido ano passado, o vereador local, Maurinho Branco, apresentou moção dando o nome do humilde artesão, carpinteiro, àquele espaço. Os companheiros mandaram fazer uma placa de homenagem e colocaram o nome do vereador pelo fato de ele ter sido o veículo da ideia.

A referência ao vereador foi feita sem conhecimento do mesmo. Para surpresa geral, a placa não pôde ser afixada, porque Maurinho é de oposição. Ante a perplexidade dos trabalhadores, o representante do prefeito concordou desde que o nome do vereador fosse riscado, “pois estamos em ano eleitoral”, insinuando proibição legal, que, de fato, ocorrerá a partir de 10 de julho. Suprimido o nome, já que os autores da homenagem desconheciam implicações políticas em evento simples, de homenagem a um trabalhador, o preposto do prefeito fechou o tempo e disse que não queria mais saber do assunto, intimidando aquela gente ordeira e trabalhadora com sua má vontade.

O episódio relatado seria ocorrência sem importância, não fosse um pequeno exemplo do que anda acontecendo em tantas cidades do Brasil, quando o exercício do poder é usado com o espírito autoritário. Os políticos estão confundindo as coisas, alguns até se autointitulando “patrão” de servidor público. A democracia pede liturgia diferente da que vemos.

Aristóteles Drummond é jornalista

Você pode gostar