Por thiago.antunes

Rio - Revisitando manchetes de jornais e noticiosos televisivos que antecederam as eleições de 2014, vê-se um Brasil ainda celebrando a melhoria de vida de mais de 40 milhões de brasileiros, que ascenderam socialmente, e muitas outras conquistas.

A presidente Dilma gozava de grande prestígio, por sua austeridade e honestidade, o que se refletia em expressivos índices de aprovação. O que mudou tão radicalmente então, em menos de dois anos, do ponto de vista histórico, para o Brasil virar o “caos” e a presidente ser apeada do poder por um golpe de Estado travestido de impeachment?

Agravou-se a crise na economia mundial, é verdade. E veio à luz a operação Lava Jato. Estes são fatos, que, por mais complexos, não justificam todo esse turbilhão. Menos ainda as chamadas “pedaladas” fiscais (manobras contábeis, praticadas por vários outros presidentes e por quase todos os governadores), violentamente transformadas em “grande escândalo nacional”, na voz da oposição e nas cores da grande mídia.

Tudo isso sem que pese sobre a presidente, que não cometeu crime de responsabilidade, nenhuma acusação de corrupção. Há um consenso entre pessoas e instituições comprometidas com a democracia no país, assim como entre juristas do mundo inteiro e a imprensa internacional, de que o impeachment da presidente Dilma é um golpe de Estado, urdido por setores conservadores e reacionários, com ampla representação no parlamento federal, apoiados em parte do Judiciário e da grande mídia nacional.

A visita do secretário-geral da OEA ao Brasil reforçou os riscos à imagem do país, com o anúncio de que haverá consulta formal à Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre os abusos ocorridos no processo golpista tratado como impeachment. Portanto, não se trata mais apenas de tropelias do deputado Waldir Maranhão e dos gangsterismos de Eduardo Cunha e seus comparsas.

Ao examinar todo o processo, vai-se chegar também a outros personagens, incluindo a manipulação e a seletividade da Lava Jato na construção do ambiente propício ao golpe.

Não é apenas a imagem do Brasil que está em jogo, mas também a do STF, a quem compete, como guardião da Constituição, restabelecer minimamente as regras da convivência democrática e a soberania popular.

Waldeck Carneiro é deputado estadual (PT-RJ) 

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