Por thiago.antunes

Rio - Em toda a minha vida falhei ao tentar salvar o Brasil. Em artigo recente, pedi socorro a meu amigo Hércules, o maior herói grego, que no passado cumprira 12 trabalhos impossíveis aos homens comuns. Humilhado pelos monstros que tomaram nossas riquezas e nossas almas, o herói deixou um bilhete: “Perdi. Fui. Adorei o Brasil, sol, praia, caipirinhas, baile funk... tomei um Boa Noite Cinderela e fiquei sem autoestima e sem carteira, o Aedes me picou, quase morri esperando atendimento”.

Imaginem a manchete no jornal: Hércules morre de dengue! O herói assassinado por mísero mosquito após ridículas experiências, só no Brasil mesmo. Jamais abdicarei de meus ideais. Pedirei ajuda a outros amigos da Grécia Antiga. Em todos os campos do conhecimento e da sensibilidade, os gregos da minha geração foram geniais. E nossa fantástica mitologia?

Teseu matou o Minotauro, meio homem meio touro, fruto da união entre homem e fera que comia gente. Argos Panoptes, gigante de cem olhos, matou Equidina, a mãe de todos os monstros, gigantesca como um titã, tronco de ninfa belíssima e cauda de serpente, que engolia viajantes. E a Esfinge, mulher com patas, garras e peito de leão, cauda de serpente e asas de águia que dizia “Decifra-me ou te devoro“?

Quem errasse a resposta ao enigma “quem de manhã tem 4 pés, ao meio-dia tem 2 e à tarde tem 3” era estrangulado. Édipo matou a charada: o amanhecer é a criança ao engatinhar; a metade do dia é o adulto ao andar em pé; no entardecer começa a velhice, usamos bengala. E as terríveis Harpias, aves de rapina, seios e rostos de mulher, que roubavam todas as refeições do cego Fineu?

Turma da pesada! Minotauro comedor de gente, a traiçoeira Equidina, a estranguladora Esfinge e Harpias roubando comida dos ceguinhos. Esta turma ressuscitou. Quadrilhas de monstros da mitologia grega assumiram formas aparentemente humanas e estão roendo até a alma do Brasil.

Hércules, não comprometa sua lendária carreira deixando esta desonra em seu currículo, frustrado por não ter conseguido realizar o seu 13º Trabalho, o de restaurar a dignidade da nação. Garanta o sucesso da maior epopeia da história: volte e traga os super-heróis Teseu, Argos Panoptes e Édipo. Lava Jato nos monstros gregos que ressuscitaram logo no Brasil! Panta rei.

Ruy Chaves é diretor da Estácio e da Academia do Concurso

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