Por felipe.martins

Rio - A crise econômica saiu do noticiário, mas ela está aí. O governo interino, que já não sabe se vai durar meses ou dias, dá aumento salarial a magistrados ao mesmo tempo em que acena com uma reforma trabalhista para atender ao lobby pesado dos grupos do grande capital que participaram do afastamento da presidente legítima.

No circo de horrores em que se converteu o governo interino, propõe-se às pressas mudar a CLT para o trabalhador pagar o pato. O mote é “flexibilizar” a CLT para que o estabelecido entre o empregador e o empregado, com a participação de sindicatos, prevaleça na Justiça do Trabalho, mesmo que contrarie a legislação trabalhista.

Argumentos? Que a CLT é muito velha (1943), o desemprego está muito alto (10%) e é preciso gerar empregos. O que não dizem é que a flexibilização pretendida vai reduzir os salários e eliminar direitos sociais, sem gerar um mísero emprego novo.

É a isto que chamam de “avanço”. De ter uma legislação que permita aos vitoriosos do momento aumentar o lucro, pagar menos impostos e avançar, isto sim, sobre as conquistas históricas. Se por um lado o governo ilegítimo admite investir contra os direitos dos trabalhadores, por outro assiste ao derretimento de um dos setores mais importantes de produção nacional e de geração de empregos: a indústria naval, soerguida pelo ex-presidente Lula, depois de naufragada por uma política entreguista de desnacionalização que se tenta reimplantar, agora pelo golpe.

É um dos setores que mais desempregam no estado. Os estaleiros Rio Nave, Sermetal, Eisa (Ilha do Governador) e Eisa Petro Um (Niterói) foram fechados. O setor também é fortemente atingido pela interrupção de encomendas da Petrobras, abalada pela crise do preço do petróleo e pelos esquemas de corrupção, e ainda pelo viés político explorado na Lava Jato. O estaleiro Enseada (Caju) anuncia a demissão de mais de dois mil metalúrgicos. No Brasfels, em Angra dos Reis, o pavor das demissões é permanente. Em outros estaleiros a situação não é muito diferente.

Enfim, são muitos empregos que dependem da retomada de investimentos da Petrobras e, sobretudo, de um governo legítimo e comprometido com os trabalhadores e o desenvolvimento nacional. O que não é o caso.

Jesus Cardoso é Pres. do Sind. Metalúrgicos do Rio


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