Por adriano.araujo

Rio - A pouco menos de um mês da Olimpíada, a sensação é de que nunca tivemos tantos problemas. Além da crise nacional, no Rio a situação há muito tempo não era tão caótica, principalmente nas áreas da Saúde, Educação e Segurança. Para o povo, que, assim como na Copa, mais uma vez ficará de fora da festa, o sentimento é de indignação diante do grande investimento numa competição que vai durar pouco mais de 20 dias.

O argumento de que um evento desses traz benefícios para a cidade, o “legado”, parece não ser suficiente. Por mais que tenha um pouco de verdade nisso, sabemos que não será bem assim. Quando tudo acabar e já não estivermos sob os holofotes do mundo, o abandono será iminente, e mesmo as melhorias feitas em alguns pontos da cidade não sobreviverão ao descaso e à falta de fiscalização na conservação.

Os quase R$ 40 bilhões de investimentos para a realização da Rio 2016 passa falsa imagem que contrasta com a falta de aporte em setores básicos. Uma cidade que se apresentará rica, mas que tem um povo pobre.

Por mais que digam se tratar de coisas diferentes e que nem todo o dinheiro venha do poder público, o fato é que, para quem está na fila dos hospitais sem infraestrutura, fica difícil compreender a desproporção de empenho das autoridades. O sentimento é o mesmo de quem tem filhos fora da sala de aula por conta de greve de professores ou escolas sem limpeza e segurança.

E pior ainda é a sensação de insegurança que todos vivem, com recorrentes episódios de violência em vários pontos da cidade. Assaltos e balas perdidas estão cada vez mais presentes.

Sediamos recentemente uma Copa do Mundo, e nada mudou para melhor, pelo contrário, o cenário só se agravou. Agora, a expectativa fomentada por muitos é que os Jogos deixarão legado, mas isso também não vai acontecer, porque os governos não só estão endividados como também continuam não investindo em Educação, único caminho capaz de mudanças efetivas no futuro.

Se as autoridades pensassem em deixar qualquer legado, investiriam certo. A formação na Educação de base é a única herança que pode significar real valor para uma sociedade que almeja gestões mais sérias, com representantes menos corruptos e empenhados em promover o bem.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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