Por thiago.antunes
Rio - A pauta nacional não pode ser política. Vivemos um bom momento democrático, com as instituições funcionando; logo, os ajustes na legislação devem ser pontuais e de consenso. Sem, é claro, tirar o foco da crise na economia, que é o que realmente importa neste momento.
O governo acabou se deixando levar pela discussão estéril das acusações e perdeu boa oportunidade ao não abortar na hora a crise envolvendo dois ministros. A sociedade pedia uma virada de página, e não um ato político menor.
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São urgentes as reformas que podem atrair investimentos pela confiabilidade nas contas públicas. E precisam ser realistas. Quem investe e emprega é o capitalista, e este não deve ser hostilizado.
A nova proposta de repatriamento de recursos deveria ser mais atraente do que a anterior, elaborada no governo petista. No entanto, o imposto é maior. Quanto aos políticos, os que não estiverem respondendo a processos não deveriam ser discriminados. Quem não pode ser beneficiado é quem tem contas a ajustar com a Justiça, seja político ou não.
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Projetos geradores de emprego, como o que reabre o jogo para o setor privado, com estimativa de mais de 150 mil empregos diretos, devem ser objetivos, e não incompletos. O turfe brasileiro, que, mesmo em crise, gera cem mil empregos nos quatro estados em que funciona, é prejudicado na atual proposta que lhes confere número insuficiente de máquinas em suas sedes, local naturalmente prioritário para a modalidade.
A harmonia entre poderes é fundamental. Não é aceitável que o Congresso tenha aprovado, no passado, a cláusula de barreira e, posteriormente, o Judiciário ter derrubado a medida. Aliás, a mesma, hoje, é consagrada por todos.
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Causa espécie a imobilidade do Executivo e do próprio Legislativo em fixar norma clara e inquestionável de que os salários têm teto a ser respeitado. A nação está perplexa com a revelação de salários de R$ 100 mil no setor público, sem medida emergencial, prioritária, para conter o abuso.
Faz falta um Conselho de Notáveis, que, na verdade, deveria ser o Ministério e as lideranças políticas mais respeitadas. No Parlamento, temos referências que enobreceriam a classe política e contribuiriam para reabilitá-la, se colocados em posição de real destaque: no Senado, Cristovam Buarque e, na Câmara, Bonifácio Andrada.
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Ambos são acima de suspeitas, unânimes no respeito de seus pares e da população. Mas, não sendo dos conchavos, nem são lembrados. Uma pena!
Aristóteles Drummond é jornalista