Por bianca.lobianco
Rio - O ano foi marcado pelo impeachment da presidente Dilma, em inacreditável demora, paralisando o país e agravando a crise. O presidente Temer assumiu, mas ficou em compasso de espera até a definição do processo, aprovando apenas o novo teto para o orçamento. Na economia, muito pouco foi feito. E os bons resultados do repatriamento teriam sido maiores se a proposta tivesse sido mexida. Criada pelo governo anterior, hostil ao capitalismo, não poderia obter o sucesso que se esperava.
Agora, chegando 2017, novos rumos precisam ser traçados. E não são poucos diante da imensa dificuldade de todas as contas do país. As propostas recentes são boas, mas não suficientes.
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O jogo das pressões políticas e corporativas, o viés ideológico dos atores e a ausência de pragmatismo no trato da economia podem fazer de 2017 uma tragédia ainda maior do que 2016. Inclusive com a criminosa desestabilização do governo.
Neste jogo de empurra, só falta agora se falar em reformas para “depois do Carnaval”, como é tradição no Brasil. E o aumento do desemprego está aí, e nem as vendas natalinas puderam animar o comércio e a indústria. Estoques altos e famílias gastando menos (estas, sim, realistas) buscam diminuir o endividamento. Bancos e financeiras mostram preocupante inadimplência, e as grandes corporações rolam, mas não pagam. Não existe lucratividade para permitir a queda nas dívidas.
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A temporada propícia ao turismo se ressente da imagem externa do país como que dominado pela violência, sendo amplamente divulgados os casos de assaltos e crimes contra turistas. No mais, a Copa e as Olimpíadas fizeram crescer a rede hoteleira, no Rio, e nenhuma programação foi feita para a ocupação posterior aos eventos. Isso caberia ao governo coordenar junto a agentes de viagens e transportadoras, com apoio publicitário.
O congelamento das obras do complexo petroquímico fluminense (Comperj) gerou o fato desgastante junto a duas bandeiras hoteleiras internacionais de ter as unidades prontas e o complexo incompleto. Fatos que correm o mundo, naturalmente.
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Os estados estão em situação crítica. Nenhuma novidade, mas todos encaram esta anormalidade dramática, atingindo centenas de milhares de famílias, com certo conformismo, apesar de os supersalários afrontarem a consciência coletiva.
A história registra exemplos do quanto pode custar a um país a insensibilidade de suas elites. Está na hora de acordar. 
*Aristóteles Drummond é jornalista