Por thiago.antunes
Rio - A temática sobre o papel e a condição das mulheres na sociedade ocupa espaço crescente nos fóruns de discussão. Com a ajuda das mídias sociais, houve avanços na propagação das ideias de vanguarda.
Mas os indicadores continuam a mostrar violência crescente contra elas e a persistente dificuldade de alcançarem reconhecimento no trabalho. O ‘2º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil’, da Escola Nacional de Seguros, confirma a ainda enorme distância de oportunidades entre os sexos: por aqui, o setor — no qual elas se tornaram maioria, hoje 56,3% — se iguala a alguns segmentos da economia quando analisamos as chances de progressão profissional e a distribuição dos salários.
Publicidade
O debate sobre a situação feminina em face do machismo é acalorado, mas suscita reflexões sérias. Mulheres seguem protestando contra as desigualdades e reivindicando direitos, embora, lamentavelmente, no Brasil os atos ainda não ganhem visibilidade.
Os números dão a medida de urgência: a chance de um homem se tornar executivo de seguros, por exemplo, é quase 3,5 vezes maior do que a de uma mulher. Isso apesar dos avanços e iniciativas de muitas empresas pela igualdade.
Publicidade
Em remuneração, progressos são lentos. Na maioria dos países, mulheres recebem, em média, de 60% a 75% dos ganhos dos homens, por razões como terem maior responsabilidade pelo trabalho familiar, que não rende salário, se envolverem mais em atividades de baixa remuneração média e assumirem menores riscos de carreira.
Em amostra com 18 seguradoras brasileiras, com 85% a 90% dos funcionários do setor, o salário médio mensal é de R$ 4.520. Homens ganham R$ 5.371, contra R$ 3.858 para elas — 72% do rendimento deles. Outro aspecto é a múltipla jornada feminina: vida profissional, cuidados domésticos, com os filhos e atenção aos idosos.
Publicidade
Segundo a ONU, mulheres dedicam uma a três horas a mais por dia à casa do que os homens e até dez vezes mais tempo para cuidar de crianças, idosos e doentes. Tão ocupadas que são, ainda conseguem mudar o mundo.
Maria Helena Monteiro é diretora da Escola Nacional de Seguros