Por thiago.antunes
Rio - Num cenário político e econômico capitaneado por Crivella, Pezão, Temer e o síndico Trump, tem gente que não sai de casa nem para procurar emprego. Tá feia a coisa.
O que nos salva, pelo menos por um tempo, é o Carnaval, que já está nas ruas. No aquecimento para a grande festa, sugiro veementemente a leitura de ‘Serra, Serrinha, Serrano: o Império do samba’, da Rachel Valença e do Suetônio Valença. Trata-se de um clássico desde que foi lançado, em 1981, que volta rejuvenescido com todo o carinho que o Império merece.
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Suetônio já partiu para outras esferas, mas claro que aprovaria os remendos e atualizações que a Rachel fez para esta nova edição. Coisa fina, a que a própria autora chama de livro-exaltação. Tudo a ver.
Impossível você não passar pelas 400 páginas sem buscar na internet alguns dos sambas da escola. A começar pelo ‘Heróis da liberdade’, composto por Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira para o desfile de 1969, um dos sambas de enredo mais bonitos de todos os tempos.
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Ou o inesquecível chiclete ‘Bum bum paticumbum prugurundum’, do Beto Sem Braço e do Aluísio Machado, de 1982. Desde que acabei o livro, há uns dois dias, que o refrão não sai da minha cabeça. Duvido que seja diferente com você.
Grandes nomes do Carnaval carioca estão ligados à escola criada na Serrinha, em
Madureira, em 1947. Estão no livro, por exemplo, Dona Ivone Lara, Wilson das Neves, Silas de Oliveira, Mano Décio, Arlindo Cruz, Rosa Magalhães, Renato Lage e muitos, muitos outros imperianos da gema.
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Fica, pois, a dica de leitura para este fim de semana. ‘Serra, Serrinha...’ parece um romance com personagens incríveis e enredo envolvendo muita paixão, fé, suor e lágrimas. É uma aula de história, poesia e perseverança.
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Falou em Império Serrano, falou em Marcelo Moutinho. Nascido e criado em Madureira, o mais imperiano dos escritores lança terça-feira, na Travessa de Botafogo, a coletânea ‘Ferrugem’, com 12 contos redondinhos. Literatura de primeira, sem frescuras e sem palavras inúteis. Cariocas, em especial, vão se identificar muito com as histórias. É daqueles livros que você vai querer dar de presente para alguns amigos.
Embora garoto novo, Moutinho já é praticamente da velha guarda da literatura carioca. Este é seu sexto livro, mas ele já marcou presença em outras 19 coletâneas. Como seu amor pelo Rio está sempre patente em tudo o que faz, arrisco dizer que sua carioquice vem de outras encarnações. Alguém duvida?
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Nelson Vasconcelos é jornalista