Rio - A aprovação da Reforma Trabalhista pela Câmara dos Deputados na madrugada de ontem é mais uma página infeliz da nossa história, diria Chico. O momento político no Brasil é trágico e curioso. De repente, surge entre os principais problemas do país a justiça. Sim, é isso mesmo. Para alguns, a Justiça do Trabalho é um problema.
Como justificativa para alterar a legislação trabalhista, autoridades do governo golpista afirmam que ela lhes dá alergia, e há até aqueles, como o presidente da Câmara dos Deputados, que defendem que ela não deveria existir.
Entre recursos retóricos, desinformação, preconceitos e mentiras, a triste realidade é que o capital, através dos seus servos que hoje controlam e hegemonizam o Poder Legislativo, nunca esteve tão perto de destruir a regulação e proteção normativa mínima, conquistada a duras penas pelos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.
A maléfica aliança entre Fiesp, Globo, STF, Eduardo Cunha, Michel Temer e outros exemplos deletérios ultrajou a democracia com o único objetivo de destruir a proteção social no Brasil.
Foram centenas de depoimentos de especialistas, juízes, ministros, representantes de sindicatos e movimentos sociais na Comissão da Reforma Trabalhista que ouvi atentamente. De um lado, convidados com dados, estudos e reflexões sobre o mundo do trabalho apontando que a proposta é um crime de lesa-pátria.
Do outro, o argumento vazio de que retirar direitos trabalhistas levará a mais emprego e que a Justiça do Trabalho é um problema para o país.
Infelizmente, a maioria dos brasileiros não pôde ouvir o que diziam esses verdugos e assassinos do seu futuro. Se tivessem ouvido metade do que ali se disse, o governo golpista já teria caído. É preciso travar a luta no Parlamento, nas fábricas, e oxalá as ruas sejam tomadas hoje, com a Greve Geral.
Somente assim para alterarmos essa trágica correlação de forças. Como disse Paulo Leminsky, “En la lucha de clases todas las armas son buenas/piedras/noches e poemas”.
Wadih Damous é deputado federal pelo PT