Por gabriela.mattos

Rio - Pouca gente já ouviu falar em ‘logística reversa’, embora ela, na prática, faça parte do dia a dia de nossas vidas. Na verdade, trata-se, simplesmente, do processo legal que obriga as indústrias a recolher os resíduos do que produziram, com vistas ao seu reaproveitamento ou à destinação final adequada. A logística reversa está definida na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 2/8/2010) e deveria estar em vigor desde 2015, em todo o país. Aqui no Rio, temos diretrizes básicas, mas pouquíssimo aplicadas, inclusive porque dependem, em parte, da regulamentação federal.

Na verdade, existem iniciativas, tanto públicas quanto privadas; porém, os resultados são pífios, ante o volume de lixo gerado todos os dias. Como exemplo recente, o prefeito Marcelo Crivella disse que durante o Carnaval a Comlurb recolhera nada menos de 600 toneladas de lixo, sobretudo após a passagem de blocos praticamente durante uma semana. E quanto disso é reaproveitado? Uma fração mínima, claro (só há dados sobre o que é processado pela Comlurb), o que, no fim das contas, significa desprezar a força econômica e social da reciclagem. Em síntese, ignoramos a possibilidade de mais dinheiro circulando na economia, menor consumo de matérias-primas e mais empregos.

A lei federal fala da “responsabilidade compartilhada”, que envolve todos os atores da cadeia de produção: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e órgãos públicos responsáveis pelo manejo dos resíduos sólidos. É preciso, porém, que a lei regule claramente o que todos devem fazer.

No âmbito municipal, o consumidor deve ser orientado a separar os tipos de lixo que gera e a colocá-los nos lugares adequados; precisa, naturalmente, que haja suficientes lugares adequados para receber os diferentes resíduos; e precisamos, todos, que as empresas de reciclagem se multipliquem pois, como muitos já sabem, o lixo esconde tesouros. E, mais que tudo, é preciso educar. Educação Ambiental deveria ser matéria obrigatória nas escolas. É a forma de garantir o desenvolvimento sustentável, não só da nossa cidade, mas de todo o planeta, sem comprometer as futuras gerações.

Alexandre Arraes é vereador e vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara do Rio

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