Por thiago.antunes

Rio - A confusão está formada. Com a radicalização de opiniões e a quantidade de fatos que se desenrolam em cascata, fica difícil não ter suas convicções abaladas. De inicio, coloca-se em dúvida o impeachment de Dilma, que radicalizou tudo.

Alijado do governo, o PT não chegou ao fundo do poço, e agora dá ensejo a todo tipo de contestação por parte de quem desandou o país. O impeachment pode ser chamado de constitucional, mas foi uma forçada de barra.

E quando se mexe no andamento constitucional de uma sucessão, as coisas costumam desandar. Dilma foi uma péssima presidente, estabanada, autoritária, campeã de decisões erradas.

Afastada do governo, passou de megera a vítima. Tem até gente dizendo que o problema do desemprego, causado pelo descalabro do governo PT, é culpa de Temer.
Este, por sua vez, reuniu um grupo de politicos ficha-suja, capazes de fazer passar as reformas no Congresso, na base da troca de favores e privilégios.

O que entornou o caldo é que, pela primeira vez, as investigações sobre malfeitos dos politicos vieram à tona, sendo afastados diversos deles, do primeiro escalão da tropa de choque do presidente.

É tão generalizada a prática de irregularidades, que ficaram faltando senadores para ocupar ministérios, obrigando Temer a preserver ministros até seren abertas as inevitáveis denúncias contra eles. O mais paradoxal é que quem está tocando as reformas de que o Brasil precisa é esse presidente com legitimidade discutivel, e respectiva equipe mais comprometida ainda.

Algumas coisas que esse governo está fazendo, apesar da greve, são importantes. É o caso da aposentadoria com as mesmas regras para o setor público e iniciativa privada, assim como a simplificação da legislação trabalhista, que deverá aumentar o número de empregos.

Só quem já foi àquele prédio da Justiça Trabalhista em São Paulo, tendo de assistir a toda a hipocrisia de um advogado de porta de cadeia contando mentiras sobre as condições de trabalho de seu cliente, sabe do que estou falando.

E no final do julgamento, mesmo que o autor da ação não tenha razão alguma, o juiz dá um jeito de que ele ganhe alguma coisa. Não admira que tenhamos tido mais de três milhões de ações na Justiça do Trabalho, só em 2016.

Roberto Muylaert é editor e jornalista

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