Por thiago.antunes

Rio - Todo mundo sabe que Aldir Blanc é um dos grandes compositores vivos da música brasileira. Para quem não ligar atentamente o nome à pessoa, lembro que o poeta da canção é também escritor e cronista dos mais respeitados, com passagens marcantes por diversos órgãos de imprensa (por muito tempo contou causos, apontou sacanagens e desbancou um punhado de malfeitores nas páginas deste jornal). Boa parte da obra literária de Aldir, conhecida da gente desde a época do semanário 'O Pasquim', ainda nos anos 1970, foi publicada em livros, diversos livros.

Ano passado, em comemoração dos 70 anos do poeta, a Mórula Editorial começou a republicar alguns títulos e a lançar outros novos. Os dois primeiros volumes chegaram em 2016 (a reedição de 'Rua dos Artistas e arredores', e o novíssimo 'O gabinete do doutor Blanc: sobre jazz e literatura e outros improvisos', com textos inéditos em livro, publicados no site 'No Ponto' e reveladores da paixão do compositor por jazz e livros policiais).

Este ano mais três completam a Coleção Aldir 70: relançamentos de 'Porta de tinturaria' e 'Vila Isabel, inventário da infância' (um lindo passeio pelos becos da infância e juventude) e mais um inédito: 'Direto do balcão', reunindo crônicas com as quais o Proust da Vila (epíteto recebido nos tempos do 'Pasca') mimou leitores de jornais e revistas nas últimas duas décadas.

Parece propaganda, mas não é. E é. Faço questão de citar todos os títulos porque não me canso de chamar a atenção para a obra literária de Aldir Blanc (a obra musical dispensa citações ou chamegos, pois todo mundo já conhece), a meu ver, formando na linha de frente do escrete que melhor defendeu e defende a bossa e a ginga da prosa carioca, que conta ainda com Sergio Porto, Rubem Braga (que não era carioca), Verissimo (também não), Ivan Lessa, Álvaro Costa e Silva e Luiz Antonio Simas.

Todas as capas da coleção foram criadas por Allan Sieber cracaço do traço que tive a alegria de editar nas páginas da revista 'Bundas'. Para viabilizar a chegada da preciosidade ao mercado, a editora lançou mão de um mecanismo de pré-venda (sistema hoje muito usado e muito bacana, no qual a gente paga o produto antes e ajuda o produtor a viabilizar a ideia). A resposta foi imediata, e isso mostra que muita gente concorda com o que estou falando.

Luís Pimentel é jornalista e escritor

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