Por thiago.antunes

Rio - Nas últimas semanas, fui surpreendido por duas notícias lamentáveis: a morte do comandante do 3º Batalhão, no Méier, coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, um dos 116 PMs assassinados no estado, e a declaração vergonhosa e descabida do ministro da Justiça, Torquato Jardim, de que os "comandantes de batalhões são sócios do crime organizado do Rio".

Quem acusa tem que provar. As escolas do Direito ensinam que o ônus da prova parte do princípio de que toda afirmação precisa de sustentação. Como chefe da Polícia Federal, cabe ao senhor ministro apresentar as provas e determinar a abertura de investigações para apurar a 'suposta' corrupção na cúpula da PM. Sem isso, não passa de prevaricação. De alguém que sabe e não faz nada.

O Rio de Janeiro não produz droga nem fabrica armamentos. As que aqui chegam passam pelas fronteiras, aduanas e por nossas estradas, as quais o Ministério da Justiça e seus comandados têm obrigação de guardar.

Nós do Rio respeitamos a nossa polícia, que dá o próprio sangue pela sociedade. O ministro agiu de má-fé ao tentar jogar lama sobre a reputação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, insinuar que a corporação é conivente com a bandidagem e que o seu comando decorre de acerto com deputados estaduais.

A nossa polícia é, sim, uma instituição honrada, que apesar de todas as dificuldades, dos salários atrasados e de equipamentos ultrapassados, tem feito o seu melhor para nos proteger. Os nossos problemas são, na verdade, fruto de promessas não cumpridas.

Onde estão os 10 mil homens que o senhor, ministro, prometeu para o estado? Em 28 de julho, o governo federal autorizou o uso de forças militares no combate ao crime organizado no Rio. Desde então pouco se viu. Operações pontuais com resultados duvidosos e custos altíssimos.

Quero deixar aqui o meu repúdio quanto a sua fala, senhor ministro, e um conselho: tenha o mínimo de decência e peça para sair. A sua permanência no cargo será mais um desastroso legado do presidente Michel Temer.

Milton Rangel é deputado estadual pelo DEM

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