Por thiago.antunes

Rio - Uma nova janela de oportunidade vem se abrindo para o turismo do Rio de Janeiro. Cidades que vinham se consolidando como grandes destinos turísticos no mundo estariam chegando ao limite da exploração, indicam os analistas. Em artigo contundente na revista 'Visão', a jornalista portuguesa Sara Rodrigues não tem dúvidas: "A turismofobia se alastra pela Europa". Cidades como Barcelona (32 milhões no ano passado, sendo oito milhões de estrangeiros, para uma população fixa de 1,5 milhão) ou Veneza (22 milhões em 2016, para uma população de 350 mil habitantes) estão estudando meios para conter as hordas de visitantes.

Então, chegou a nossa vez. Sim, é hora de dizer que se eles não querem os turistas, que venham para o Rio, que venham para o Brasil.

A cidade, assim como o Cristo Redentor que a ilumina, está de braços abertos, como sempre. Os novos equipamentos turísticos instalados durante o ciclo de grandes eventos (2007-2017) estão aí, bem como os investimentos na mobilidade. Por parte da iniciativa privada, está sendo oferecido mais que o dobro de leitos dos disponíveis há menos de dez anos.

Pela primeira vez nos últimos três anos, voltou a crescer o número de novas conexões internacionais para o Brasil (o Rio incluído). Temos agora a facilidade do visto eletrônico de entrada para australianos, e até o fim de janeiro para norte-americanos, canadenses, japoneses. O câmbio ainda é favorável para turistas que vêm para o Brasil.

Em setembro foi divulgado um belo calendário, prevendo grandes eventos a cada mês e outras dezenas de ações espalhadas ao longo do ano. Grandes destinos turísticos de hoje eram, há 30 anos, tão ou mais violentos que o Rio de Janeiro. Sem levar em conta os recentes ataques terroristas que assustam moradores e turistas de cidades emblemáticas ao redor do globo. Há 30 anos, Miami, por exemplo, além de cidade cercada pelo crime, estava quebrada. A prefeitura da cidade americana atuou com diversas medidas, entre elas a criação de um calendário. Numa recente missão da Embratur na Europa, mais especificamente na WTM de Londres, a maior feira do mundo do setor de turismo, mostramos esse calendário ao mercado europeu.

O turismo começa a ser tratado como protagonista de uma possível saída para os graves problemas econômicos e sociais da cidade que é o cartão-postal, a vitrine do Brasil. Esta afirmação de que o turismo passou a ser pauta central da economia também passou a ser política, e por isso deverá ganhar novos patamares de consciência na sociedade.

Por que o Rio? A cidade continua sendo a maior conexão da nação brasileira com o resto do universo e fala do mundo para dentro do país.

Quando não fala pela política, fala pela estética, música, artes ou costumes. Seu maior bem, sua leveza e sua renovação. Seu mal, talvez adaptar-se demais. Não conseguir dizer "basta", "chega", "deu". Tanto as coisas boas quanto as ruins aparecem primeiro e por último na Cidade Maravilhosa.

Aqui temos o espelho mágico da nação. Logo, não faz mais sentido falarmos nos problemas do Rio, de uma da violência do Rio, sem contextualizar o Brasil. Estamos saindo de um período difícil no cenário nacional, com cada vez mais forte sinais de retomada econômica. O turismo brasileiro e o turismo no Rio devem ser priorizados neste momento, ao invés de olharmos a cidade como uma vidraça estilhaçada.

Ações de porte para enfrentar o crime organizado, por parte do governo, são fundamentais. Mas só elas não resolvem. Claro que tirar os fuzis das ruas será um passo importante. Porém, é preciso que os jovens saiam da mira do apelo fácil do mundo do crime. As maiores oportunidades concretas para essa juventude estão na cadeia do turismo e em um ambiente atraente ligado a uma cidade turística forte.

A vitória do Rio terá um resultado maior que simplesmente salvar a cidade. Terá o papel de orientar o Brasil por novos e felizes caminhos que tenham as palavras turismo e criatividade como ponto central.

Vinicius Lummertz é presidente da Embratur

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