Marcos Espínola - Divulgação
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Por Marcos Espínola Advogado Criminalista

Rio - Há anos comparamos a situação do Rio de Janeiro com a de países em guerra devido ao alto número de mortes causadas pela crescente violência das últimas décadas. Além da intervenção federal na qual a cidade ainda busca normalizar a ordem urbana, nesses últimos dias, essa realidade ficou ainda mais visível tanto pela escassez dos mais variados produtos quanto pela necessidade de utilizar a força militar para a escolta de caminhões de combustíveis. Um cenário atípico, com comboios de viaturas militares para todos os lados, desviando a tropa do foco principal.

Não bastasse a situação gravíssima que a cidade e o Estado do Rio passam, especialmente no âmbito econômico e na Segurança Pública, a greve dos caminhoneiros, com reflexo no Brasil inteiro, agravou ainda mais a crise que cariocas e fluminenses enfrentam sem qualquer previsão de término. A falta de alimentos nas prateleiras, carros com pane seca e a cidade deserta, sem ônibus circulando, nos fizeram lembrar as cidades sob o toque de recolher ou até mesmo num pós-bombardeio. Sem contar os episódios de brigas entre os cidadãos em busca de combustíveis nas filas quilométricas em cada posto de abastecimento, lembrando a "lei de Murici", na qual é cada um por si.

Neste contexto, o fato é que já se foram alguns meses da intervenção. E o tempo passa tão depressa que no piscar de olhos esse prazo encerrará e a sensação que se tem é de que pouco avançamos. Os criminosos continuam agindo livremente. Roubos de carros, a residências, assaltos e latrocínios se mantêm com altos índices, fazendo com que ninguém perceba de forma concreta uma melhora que seja o suficiente para tranquilizar o cidadão.

Assim, o carioca que tem fama de alegre e de bem com a vida resiste a uma saga diária e a humilhação de não ter transporte para se locomover, hospitais para ser atendido, escola para suas crianças e emprego para família.

Seria cômico se não fosse trágico, mas os quase dez dias de greve dos caminhoneiros serviram para mostrar que nada está tão ruim que não possa piorar. As mazelas vividas por milhões de brasileiros talvez tenham no povo carioca um simbolismo maior, cujo destaque é o sofrimento contínuo e sem a sensação de haver luz no fim do túnel.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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