Marcos Espínola - Divulgação
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Por Marcos Espínola Advogado criminalista

A violência no Brasil custa caro, bem mais que o valor gasto (ou que deveria ser) em ações preventivas ou em áreas sociais. Levantamentos econômicos apontam impactos que podem chegar a 13,5% de toda a riqueza produzida anualmente, dependendo dos fatores avaliados. Num país em desenvolvimento isso significa desperdício, considerando que bilhões de reais poderiam ser melhor aproveitados. Constata-se que dinheiro há e que se houvesse inteligência na gestão, muito provavelmente promoveríamos maior distribuição de renda, oportunidades e igualdade social.

Em 2017, o relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estimou o gasto com violência em 16 países da América Latina e Caribe. Mostrou que em 2014 o crime custou ao Brasil 3,78% do seu PIB (Produto Interno Bruto), o equivalente a US$ 124 bilhões, algo em torno de R$ 386 bilhões.

Isso significa que os gastos públicos com crime são seis vezes maiores do que os investimentos com o programa social Bolsa Família. E vale ressaltar que, segundo os próprios responsáveis pelo levantamento, o custo dos homicídios pode ser consideravelmente maior que as estimativas encontradas, tendo em vista o método conservador com o qual conduziram o estudo.

A edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, também em 2014, estimou o gasto do Brasil com segurança em 5,4% do PIB. Nessa soma entraram policiamento, prisões e unidades de medidas socioeducativas, ficando de fora investimentos militares, por exemplo.

Recente estudo da PM revelou que em 2017, a violência contra policiais custou R$ 35 milhões ao Estado do Rio, sendo 134 PMs mortos.

O Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou um aumento de 14% no índice de assassinatos no país, dos quais negros e jovens do sexo masculino continuam sendo as principais vítimas. Uma realidade que tende a se perpetuar enquanto não repensarmos a política de segurança pública e priorizarmos o investimento em educação e em outras áreas sociais.

As cerca de 60 mil pessoas assassinadas no Brasil a cada ano equivalem a uma taxa de 29 homicídios por 100 mil habitantes, números drasticamente altos para um país que não está em guerra. E isso, além de significar derramamento de sangue representa um alto custo por conta de muita violência.

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