Roberto Muylaert, colunista do DIA - Divulgação
Roberto Muylaert, colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - O herói de Portugal e de todo o mundo futebolístico é Cristiano Ronaldo, a julgar pelo número de vezes que a FIFA lhe concedeu o título de melhor jogador. O herói argentino é Messi, aquele que joga em pé, não cai, apesar dos mal- entendidos com o país alviceleste, que todo relacionamento intenso proporciona de vez em quando.

Nosso herói seria Neymar, mas precisamos conversar sobre ele, antes de saber se ele simboliza mesmo a nossa Seleção, ou se vai ficar devendo um bom desempenho ao país que lhe engorda a poupança com dezenas de comerciais dos produtos que promove.

Claro que a situação política do Brasil não traz bons presságios. Não dá para imaginar o quarteto Temer, Marun, Padilha e Moreira Franco recebendo a Copa do Mundo da Fifa na rampa do Planalto, a sorrir para as câmeras, com o olhar benevolente de quem prestou mais esse serviço à nação que estão a afundar.

Neymar é um jogador genial em sua capacidade de driblar e desnortear os adversários. Mas, enquanto Cristiano mostra uma determinação de vitória a serviço de seu país, parece que o principal alvo do esforço de Neymar é ele mesmo.

Depois de amanhã o Brasil volta a campo, com jogo sempre centralizado nele, mas algumas coisas simples e importantes precisam acontecer, ou vai haver choro e ranger de dentes de novo.

Neymar não joga de pé, acredita que vale mais deitado no chão, com os esgares de quem está em grande sofrimento, apesar do cabelo em forma de macarrão que puxa o conjunto da obra para a pantomima.

No último jogo, ele ficou dando dribles curtos nos adversários, pedindo para ser derrubado, numa zona do campo em que não dá para cobrar a falta com perigo. E derrubado ele foi, gerando cartões amarelos que não interferiram naquele jogo.

Portanto, ele que não fique rodando com a bola, fique de pé, colocado mais para a frente, passando a bola rápido para os outros talentos da Seleção e lembrando que ser derrubado não é virtude.

Dá para jogar muito melhor com o mesmo time e o mesmo esquema, bastando parar com essa bobagem de que é bom ser vítima.

O Brasil já perdeu a Copa do Mundo várias vezes, por amarelão. A gente sabe quem são os chorões de 2014, aqueles que desabam quando o placar fica adverso.

Mas esses só entram em cena quando o time fica em desvantagem. Não é preciso passar por mais um sufoco. Basta Neymar lembrar que joga por um país de tradição futebolística, onde nossos grandes heróis sempre se preocuparam mais com a equipe que com o próprio penteado.

Roberto Muylaert é jornalista e editor

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