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José Ricardo Rocha Bandeira: o terror no quintal da intervenção

Pedro Valentim

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José Ricardo Rocha Bandeira: o terror no quintal da intervenção

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José Ricardo Rocha Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e colunista do DIA - Divulgação
José Ricardo Rocha Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e colunista do DIADivulgação
Por José Ricardo Rocha Bandeira Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina

Rio - Esposas e familiares de militares apavorados se escondendo junto com funcionários embaixo das mesas do círculo militar na Urca; mais de uma centena de turistas abrigados em pânico no alto do Pão de Açúcar; oficiais de alta patente encurralados em seus gabinetes nas unidades militares; soldados armados abrigados e sem saber o que fazer diante da situação: essas cenas de caos poderiam ser parte de um roteiro de Hollywood sobre terrorismo, mas foram a cena de mais um dia de violência na cidade do Rio de Janeiro.

Dessa vez, no entanto, o alvo foi o bairro da Urca, até então tido como 'ilha' de segurança em meio à criminalidade, sede de diversas organizações militares, inclusive, das escolas de altos estudos das Forças Armadas, e tradicionalmente conhecido por sua paz e tranquilidade, mas infelizmente a última fronteira foi rompida e desta vez a criminalidade adentrou ao quintal da intervenção subjugando aqueles que comandam a nossa segurança.

Esse triste evento marca e coloca em cheque a intervenção federal no Rio de Janeiro e traz à tona a falta de planejamento estratégico e o desconhecimento das particularidades da segurança pública, pois a perda de controle durante uma simples operação policial no morro da Babilônia, uma das menores comunidades do Rio de Janeiro, com cerca de 4 mil moradores, muito menor do que comunidades como o Complexo do Alemão, Complexo do Lins e da Maré, expõe as fragilidades da segurança pública e o desaparelhamento do sistema policial no estado.

A falta de planejamento faz com que se realizem operações subestimando-se o poder de fogo do adversário, sua posição estratégica no terreno e suas possíveis rotas de fuga, levando também à falta de comunicação entre os órgãos que compõem o sistema de segurança da intervenção. Ora, sequer as unidades militares que ficam sediadas na Urca foram previamente alertadas da operação e tiveram a oportunidade de elaborar um plano de contingência para tal situação de perigo, ou ainda prover o apoio necessário e imediato à Polícia Militar.

Como saldo, além de alguns fuzis apreendidos, tivemos o aeroporto Santos Dumont paralisado e a interrupção, pela primeira vez na história, do tradicional bondinho do Pão de Açúcar, por motivos de violência, colocando novamente de forma negativa a imagem do Rio de Janeiro nos principais noticiários do mundo e causando milhões de prejuízo ao já combalido turismo da cidade.

Tudo isso resultado de uma falida política de segurança, e de operações policiais que se repetem nos mesmos moldes nas últimas décadas, sempre trazendo os mesmos resultados que se repetirão enquanto o Estado pensar em combater a criminalidade utilizando somente a polícia (desgastada, desaparelhada, mal paga e mal treinada) em detrimento de outras medidas, como a educação, assistência social, cultura, esportes, saneamento básico, habitação e um amplo programa de geração de emprego e renda em substituição a narcoeconomia, únicas formas de se reintegrar essas comunidade a cidade do Rio de Janeiro, e impedir que nossos jovens se alistem nas fileiras do tráfico de drogas e da criminalidade.

José Ricardo Rocha Bandeira é presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina

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