opina2jul - ARTE O DIA
opina2julARTE O DIA
Por Marcos Espínola Advogado criminalista

Passado, praticamente, metade do período inicial previsto da intervenção federal no Rio de Janeiro, a discussão em torno dos seus resultados concretos só tendem a aumentar. Afinal, os sucessivos acontecimentos, principalmente envolvendo as crianças como vítimas, deixam a opinião pública com uma única certeza: a violência se mantém e a retomada da ordem parece uma realidade ainda muito distante. E é, pois está claro que a situação catastrófica no Rio é a apenas a ponta de um problema crônico muito maior e que está muito além da intervenção.

Exaustivamente já foi falado que não só o problema da segurança pública no Rio como em todas as capitais brasileiras inicia nas fronteiras, por onde entram de forma descontrolada armas e drogas, escoadas para todo o país.

A recente mensagem do comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em feliz e inteligente reflexão, embora não sendo animadora para a sociedade como um todo, destaca justamente o avanço das ações da criminalidade, começando pela entrada de armamentos pesados que vão parar nas mãos de jovens que deveriam estar na escola. Estes, por sua vez, aliciados pelo tráfico, são estimulados a confrontarem a polícia.

Trata-se de um movimento cíclico, cujos agentes de segurança são permanentemente taxados como vilão, como se fossem o lado ruim da história, num constante desgaste que não terá fim enquanto não repensarmosa forma de combater o crime.

O aumento do número de mortes por intervenção policial desde o início das atividades das Forças Armadas no estado além dos casos de bala perdida reforça a tese de que o combate ostensivo, única e exclusivamente, não é o caminho. Pelo contrário, representa um equívoco.

O discurso é repetitivo, mas parece não alcançar as autoridades, essencialmente no âmbito federal. A prioridade de ações de inteligência, aparentemente não está acontecendo. Caso esteja, se encontra num ritmo muito aquém do que uma situação emergencial como essa exige.

O exército na rua só ajudará se outras providências caminharem em conjunto, tais como ações inteligenO tes e eficazes nas fronteiras, o investimento em outras áreas sociais, como educação, saúde e emprego, além de uma atenção mais adequada às polícias,desde o treinamento aos equipamentos, para que possam potencializar sua atuação.

Se não formos por essa rota, com ou sem intervenção, dificilmente retomaremos a ordem e a segurança tanto no Rio quanto em qualquer outro ponto do Brasil.

Marcos Espínola é advogado criminalista

Você pode gostar
Comentários