Marcus Tavares, colunista do DIA - Divulgação
Marcus Tavares, colunista do DIADivulgação
Por Professor e jornalista

Sabe-se que frequentar e participar de exposições, mostras, passeios guiados, seminários e eventos auxilia e amplia o repertório cultural e educativo de qualquer indivíduo. O que dizer então de crianças e adolescentes que estão na fase escolar, fazendo descobertas e aprendizados? A cidade do Rio de Janeiro possui historicamente uma série de bons equipamentos (museus, centros culturais e bibliotecas públicas), oferecendo uma gama de oportunidades, muitas vezes de forma gratuita, que enriquece e potencializa a constituição de conhecimentos e valores.

Mas, ao contrário de outras cidades e metrópoles do Brasil e do exterior, infelizmente não vemos nossos estudantes cariocas usufruindo destas atividades. E por uma questão bem básica: transporte. Sim, os estudantes da rede pública, com idade mínima de cinco anos, uniformizados, têm garantido por lei o transporte gratuito, por exemplo, de ônibus (por meio do cartão RioCard) e do MetrôRio. A princípio apenas para a locomoção entre a residência e a unidades escolar.

Resultado: a política pública não garante o acesso dos estudantes aos equipamentos culturais. Imagina um professor com sua turma do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio (note, não estou nem me referindo às crianças de Educação Infantil que também têm este direito) saindo com 30 estudantes, indo ao ponto do ônibus ou ao Metrô para participar de uma atividade. Mais complexo será se nesta turma contarmos com um cadeirante e ou estudantes com outros tipos de deficiência, dotados dos mesmos direitos. O que acontece? Com seus veículos muitas vezes já lotados, os motoristas de ônibus não param. Naqueles que abrem as portas, sabemos a qualidade da infraestrutura. No MetrôRio, a locomoção de turmas em horários de pico não é permitida, exatamente no horário da escola e das atividades extraclasses.

A educação de nossas crianças seria muito mais rica se pudessem participar ativamente das atividades culturais da cidade, conhecer in loco nossa história, por meio, por exemplo dos pontos turísticos, da fauna e da flora em vez de conhecerem somente dentro dos muros da escola. Acredite: há crianças do Estado do Rio que nunca viram de pertinho a praia. Tais atividades não apenas acrescentam e ampliam o repertório cultural e educativo de meninos e meninas, mas também permitem vivenciar a independência, a organização e a socialização.

Já me aventurei, sozinho e com outros professores, nestas atividades pedagógicas. Há uma preocupação constante com os estudantes que só termina quando chegam de volta à escola. Tudo, na verdade, colabora contra, quando deveria ser ao contrário. Além do transporte, da falta de estrutura e da impaciência dos indivíduos há também, é claro, o problema da segurança. Fica bem difícil. Bravos são os professores que ainda são resilientes neste processo e algumas poucas empresas que se sensibilizam.

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