Iniciada a campanha eleitoral surgem candidatos de todo viés, inclusive aqueles que - por jamais terem tido qualquer preocupação coletiva - se dizem não políticos. Entrar na política dizendo não ser político deveria ser vergonhoso. Política é a atividade no sentido de intervir nos processos que permitam chegar a decisões referentes à existência do Estado, seu formato, à estrutura do governo, aos planos governamentais, às condições dentro das quais se exercem as liberdades, ao funcionamento da Justiça, além de todos os outros assuntos de interesse coletivo.
Na Antiguidade Grega, a palavra 'idiota' designava literalmente a pessoa que se dedicava apenas aos assuntos particulares, sem preocupação com o interesse público. A psiquiatria classificou como idiota o indivíduo diagnosticado com deficiência mental ou com grau avançado de retardamento mental em decorrência de lesões cerebrais, incapaz de compreender que os interesses públicos também são seus. Os que pleiteiam o desempenho de funções públicas dizendo não serem políticos deveriam ter vergonha do que dizem, pois é vício que não deveria ser ostentado e demonstra tratar-se de pessoa que somente cuidou de seus interesses individuais e certamente pretende o cargo para a mesma finalidade.
Há os "pretendentes a salvadores da política", que incluem em seus discursos temas como "Deus" e "Família". Claro que o deus destes é o dinheiro e as vantagens do poder. As famílias que defenderão serão as suas, por meio de nepotismo, filhotismo e apadrinhamentos.
Há também os que se apropriam de palavras ou imagens de pessoas, mas descomprometidos com o ideário correspondente. Brizola é um bom exemplo da apropriação indevida. Não basta dizer o nome do Brizola, inconstestável líder popular comprometido com os interesses do povo brasileiro, e por isso massacrado pela mídia e pelos interesses inconfessáveis apoiados pelo próprio sistema de justiça.
Brizola, que não era descendente de maragatos ou ximangos, honrou o ideário dos que defenderam os interesses nacionais e do povo brasileiro. Maragato é nome dados aos sulistas que iniciaram a Revolução Federalista, em 1893, contra o coronel Júlio de Castilhos e eram identificados pelo uso do lenço vermelho.
Na Revolução de 1923, contra Borges de Medeiros, os maragatos novamente se rebelaram. Os ximangos, a quem os maragatos se opunham, foram assim apelidados, por comparação com a ave de rapina que dos mais fracos tira até os olhos.
Getúlio Vargas, quando liderou a Revolução de 1930, partiu do Rio Grande do Sul com o lenço branco de seu grupo político. Mas, no meio do caminho o trocou pelo lenço vermelho com o qual chegou ao Rio de Janeiro. Pouco importa a cor do lenço. O que interessa é a defesa dos interesses do povo e a segurança dos direitos já conquistados. Não basta falar o nome de líderes populares e nacionalistas. É preciso que a defesa do interesse do povo seja efetiva, em oposição às aves de rapina que nos querem tirar os olhos, suprimindo direitos dos trabalhadores e entregando as riquezas nacionais.
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