Júlio Furtado, colunista do DIA - Divulgação
Júlio Furtado, colunista do DIADivulgação
Por Júlio Furtado

O dia mundial da alfabetização, comemorado em 8 de setembro foi criado pela UNESCO em 1967 com o objetivo de fomentar a alfabetização em vários países. Segundo o IBGE, o percentual de analfabetos da população brasileira caiu de 7,2% em 2016 para 7,0% em 2017. Nesse ritmo, o Brasil passará longe de cumprir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação de zerar a quantidade de analfabetos até 2024.

Os números precisam ser analisados com cuidado, pois sofrem grande influência da geografia e da faixa etária. Dos cerca de 12 milhões de brasileiros acima de 15 anos que não sabem ler nem escrever, mais da metade vive na região Nordeste do Brasil. Entre a população de 40 anos ou mais, a taxa sobe para 12,3% e acima dos 60, o índice chega a 20,4% da população.

Dentre os brasileiros que sabem ler e escrever, nem todos compreendem o que leem, nem conseguem se expressar claramente quando escrevem. Cerca de 30% da população entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais por não conseguirem extrair informações simples de um cartaz ou não efetuarem corretamente contas básicas ao fazer compras. O mais desanimador é que esse índice se mantém o mesmo há mais de 10 anos. Nesse sentido, estabelece-se a necessidade de alfabetizar e letrar a criança ao mesmo tempo, para estancarmos a produção em série de analfabetos funcionais.

Alfabetizado é aquele que sabe decodificar as letras, reconhecer seus sons e juntá-las formando as palavras e frases. A alfabetização, porém, não garante a competência no uso social da língua. Letrado é aquele que utiliza competentemente a leitura e a escrita para compreender e intervir criticamente no mundo. É nesse contexto que se estabelece a discussão provocada pela BNCC que reduziu de 3 para 2 anos o tempo necessário para se alfabetizar uma criança.

Infelizmente não temos o que comemorar no dia mundial da alfabetização. Faltam políticas públicas que garantam correção das distorções geográficas e etárias, fortemente representadas pelos altos índices de analfabetismo da população do Nordeste e da população acima de 40 anos.

Somente uma ação localizada resolverá o problema. Já sabemos que programas e campanhas genéricas voltados para a alfabetização não alavancam os resultados. Prova disso é que menos de um milhão dos cerca de 12 milhões de analfabetos frequentam cursos de alfabetização de Jovens e Adultos.

Júlio Furtado é professor e escritor

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