Ruy Chaves, colunista do DIA - Divulgação
Ruy Chaves, colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - Não garanto que foi exatamente assim, mas a frase "Alea jacta est", a sorte está lançada, ouvi de Júlio César, o conquistador da Gália, antes de atravessar com suas legiões o rio Rubicão, primeiro ato de uma batalha que mudou o destino de Roma e do mundo do futuro.

Ciente da audácia de sua decisão, ignorando Plutarco e os conselhos da razão, César insistiu, em êxtase: "Caro Míope Astigmático, vamos para onde nos chamam a voz dos deuses e a injustiça de nossos inimigos"!

Ora, nunca fui predileto dos deuses nem ouvi suas vozes e injustiças estão por toda a parte, todo o tempo. Então, acompanhei as aventuras de César, não como bravo guerreiro.

Eu tinha jeito zero para a função e não enxergava bem de perto nem de longe, mas para contar suas estórias rumo à imortalidade. Juro que não inventei nem distorci ou omiti fatos, que nunca menti, e vi com estes olhos - que um dia a terra haverá de comer - um absurdo torneio de gladiadores que levavam os romanos ao delírio ao bradarem: "Ave, Imperador, os que vão morrer te saúdam!".

Séculos após ter vivido tempos terríveis sob outros Césares, o poder a serviço de ideologias radicais, sociedades sob pobreza e desigualdades sociais extremas, violência e corrupção, estou acompanhando eleições que, como a travessia do Rubicão, mudarão o destino do Brasil.

Claro, as batalhas em curso são eleitorais, sem exércitos ou gladiadores, sem o povo adorando o pão e o circo e a Constituição, as leis da República e a consciência livre e cidadã da brava gente brasileira jamais permitirão um novo César.

Ou você acredita em um Salvador da Pátria, em alguém que é maior e mais forte que todos, perfeito e infalível, acima do bem e do mal, mais potente que uma locomotiva, mais rápido que uma bala de revólver, como o Super Homem, que veio do planeta Krypton para salvar a humanidade?

Marqueteiros garantem o paraíso com César A e o inferno com o César B; outros marqueteiros garantem que César B é Deus e César A é o Chifrudo, o Coisa Ruim.

Na Roma Antiga, os candidatos ao Fórum usavam túnicas brancas, que simbolizavam pureza e idoneidade, mas quando o povo descobria que o eleito não era realmente honesto cobria de lama as suas vestes mentirosas.

A sorte está lançada? Já decidiu seu voto consciente e responsável em candidato com alma vestida de branco? Panta rei.

Ruy Chaves é especialista em Educação 

 

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