João Baptista Ferreira de Mello, coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio da Uerj e colunista do DIA - Divulgação
João Baptista Ferreira de Mello, coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio da Uerj e colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - A grandeza exponencial do Cristo do Corcovado emana Luzes Divinas despertando fé, encantamento e admiração. O símbolo de especial transcendentalidade, inaugurado no dia 12 de outubro de 1931 se confunde com a alma brasileira e completa, neste 2018, exatos 87 anos.

Seu extraordinário alcance espacial foi ampliado em todo planeta após passar a figurar entre as sete 'Novas Maravilhas do Mundo Moderno', a partir de eleição aberta e efetivada no mundo no ano de 2007. Plantado a 704 metros e dotado de 38 metros, o monumento e seu entorno mesclam a dadivosa natureza do Rio de Janeiro, o empreendimento artístico e o ímpeto de engenhosa arquitetura.

O Cristo do Corcovado deriva de uma ambição da Igreja Católica, cuja ideia inicial, entregue à Princesa Isabel, partiu de um religioso jesuíta, Padre Bros.

A monarca, embora católica fervorosa, não conseguiu efetivar o empreendimento. O projeto foi elaborado em decorrência e em confronto com a perda do estatuto oficial com a República e, vale lembrar, a separação entre Estado e Igreja, em meio à batalha de símbolos criados sob a ordem e o progresso na geografia da cidade, capital da República.

A autorização só foi concedida sob a Presidência de Artur Bernardes, nos idos de 1922, com sua gestão procurando difundir valores religiosos e cívicos. O monumento de grande respeitabilidade concilia em seu traçado a cruz, o símbolo mais conhecido no planeta e a cena bíblica de Jesus abrindo os braços no Sermão da Montanha.

A obra erigida com contribuições do povo brasileiro e uma parcela menor do Estado revela reconhecimento e mesmo fortalecimento da Igreja na República. Fincada no alto de uma montanha, dominando a baía de Guanabara e grande parte da urbe carioca, sua inauguração, vale repetir, ocorreu em 12 de outubro de 1931, dia comemorativo da chegada dos brancos ao Novo Mundo e da Padroeira, Nossa Senhora Aparecida.

Adotou-se em seu revestimento ferro e pedra sabão que não permitem rachaduras, dilatação ou absorção de umidade, além de possibilitar efeitos cromáticos, quando iluminada, tornando-se fosforescente.

Como resultado, em qualquer momento do dia ou da noite, a gigantesca imagem do Cristo Redentor cravada no alto do morro do Corcovado, eternamente de braços abertos, a abençoar a cidade, configura fraternidade e amparo, acolhida e empatia.

Trata-se de uma centralidade extraordinária, seja para quem alcança o topo da montanha para desfrutar da privilegiada vista, seja para quem a procura constantemente, de qualquer ponto da cidade, como um referencial geográfico, de beleza ou meteorológico, por isso mesmo, um símbolo maior que supera a questão religiosa e representa, em qualquer parte do mundo, a Olímpica Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro, plena de fé, magia e hospitalidade.

João Baptista Ferreira de Mello é coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio-Uerj

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