O Círio de Nazaré, em Belém (PA), transformou-se em uma festividade complexa, tanto pela extensa programação religiosa oficializada, como pela realização de eventos paralelos, que fazem de outubro o mês mais aguardado por muitos paraenses, inclusive os que moram em outras cidades.
A devoção à Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, data do início do século XVIII, quando, conforme a lenda, Plácido de Souza encontrou, nas margens de um igarapé, uma imagem da santa. Após levá-la para casa, ele observou que a imagem sempre retornava para o lugar do achado e, por tal razão, nele foi construída uma pequena ermida.
Nesta galeria de fé e aparições, o primeiro Círio ocorreu em 1793, criado pelo governador da época após autorização da Igreja. E, mais de duzentos anos depois, a festividade continua a ocorrer, aumentando expressivamente o número de romarias e eventos profanos. Temos, assim, no segundo final de semana de outubro, o Traslado para Ananindeua/Marituba, as Romarias Rodoviária e Fluvial, a Trasladação, a Procissão Principal, a Festa da Chiquita e o Auto e o Arrastão do Círio.
Poderíamos descrever cada um desses e outros eventos dessa complexa festividade, mas o leitor teria dificuldade para entendê-los, pois, conforme muitos visitantes que vêm a Belém nesse período, o Círio é para ser vivido e sentido.
Momento de alegria, confraternização, reflexão e fé numa festa considerada patrimônio para o paraense, o Círio se oficializou como patrimônio nacional e mundial nos anos de 2004, pelo Iphan, e 2013, pela Unesco.
Em outubro, a cidade de Belém do Pará encontra-se em festa. Fogos diários saúdam a chegada do Círio. O aroma da maniçoba e do pato no tucupi invade as ruas da cidade. Também pelas ruas, as mangas começam a cair. Os romeiros e turistas chegam pelo rio, pela estrada e pelo céu e é comum ouvir-se "Feliz Círio!". É considerado o Natal dos paraenses.
"Onde o Menino Deus se apressa pra chegar/ Dois meses antes já nasceu, fica por lá / Tomando chuva, se sujando de açaí...".
Então, concordando com o Padre Fábio de Melo, na canção imortalizada por Fafá de Belém, é por tudo isso que "hoje é Círio outra vez!" e, assim, ousamos afirmar aos religiosos e não religiosos, pesquisadores e apaixonados pela cultura brasileira, que participar dessa manifestação é algo extremamente enriquecedor.
Feliz Círio a todos!
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