Continentino Porto, colunista do DIA - Divulgação
Continentino Porto, colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - Qual a diferença do Edifício Murano, na Praia de Icaraí 85, em Niterói - prédio coincidentemente construído pela Odebrecht -, que tem como moradores empresários, políticos, "marajás" da Petrobras, e o Aquipélago Murano, na Itália: muita. Muita mesmo. Ou mais ou menos.

Há intensidade de ilusões no Edifício Murano, onde os agentes da Polícia Federal e da Receita Federal, responsáveis pela "Operação Sem Limite", prenderam em seu apartamento o gerente de Produção Portuária da Petrobras, Marco Antônio Alcoforado Pacheco, investigado por ter recebido, propinas mais de US$ 31 milhões (na moeda atual, R$ 122 milhões) de empresas que mantinham contratos com a Petrobras.

A diferença está, sem dúvida, é que as Ilhas Murano, na Lagoa de Veneza, são as maiores produtoras de cristais da Europa, tornaram-se conhecidas internacionalmente por isso.

A corrupção e as propinas pagas aos funcionários da Petrobras chefiados pelo morador do Edifício Murano, diziam à respeito à compra e venda (trading) no mercado internacional de óleos combustíveis (produtos usados para geração de energia térmica). O esquema de corrupção era conduzido pelo escritório da Petrobras em Houston,Texas,nos Estados Unidos, e pela central de operação no Rio.

Não haverá o que comemorar na prisão do funcionário da Petrobras morador no Edifício Murano. Trata-se apenas de mais um passo em direção a um processo que só será completado quando estiver concluído o julgamento de todos os envolvidos.

De qualquer forma, as cartas já estão na mesa e agora não existe mais recuo possível. Por isso é que se pensa com tanta preocupação no dia seguinte.

Coube aos agentes da Polícia Federal e da Receita Federal a paternidade desse marco, cujo resultado foi a prisão de um dos acusados. Morar no Edifício Murano não abala a dignidade, a moral, o conceito dos demais residentes. Porém, ficará registrada nos anais da Lava-Jato, como um dos mais brilhantes trabalhos técnicos e investigativos feitos pelas duas corporações, como também pelo Ministério Público Federal.

Continentino Porto é jornalista

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