Luís Pimentel, colunista do DIA - Divulgação
Luís Pimentel, colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - Sergio de tal, vulgo Mancha, de 16 anos, atormentou a paciência da mãe, Helenice, de 39, a tarde inteira, até ela concordar em lhe passar os cinco reais que estavam destinados à compra do leite.

O menino disse que precisava do dinheiro para tomar uma bebidinha no baile funk, que depois faria um favorzinho para um amigo e seria recompensado com uma nota de vinte. Pagaria com juros, portanto. Helenice dificultou a entrega, mas Mancha a ameaçou e ela sentia medo do filho.

Sergio de tal ficava muito nervoso quando queria se divertir e não tinha dinheiro. Nervoso e violento. Era melhor evitar.

O menino colocou bermuda, camiseta do time e tênis novos, tudo comprado pela mãe, bateu a porta do barraco e pegou o Beco da Tosse, na direção do clube.

Os quatro policiais desceram da viatura, um deles fez a abordagem:

"Vai pra onde, menor?"

"Pro baile, tio."

"Tio, não. Não tenho irmão em cana nem irmã na zona!"

"Vou pro baile, senhor."

"Assim? Sem deixar nem uma cervejinha pra autoridade?!"

Mancha coçou o bolso.

"Quanto tem aí?"

Mostrou a nota.

"Só isso, moleque? Cinco não paga uma cerveja, não. Nem sequer uma pinga paga mais."

"É o que tenho."

"Tem onde pegar mais?"

"Não."

"Então, deixa a merreca aqui. E pula na caçapa."

"Pelo amor de Deus, autoridade. Me deixa ir ao baile."

"Outro dia."

***

No Reino da Fantasia, entrevistado sobre como lidar com bandidos, o Exterminador do Futuro, que acabara de ser empossado, disse: "É só mirar na cabecinha e... fogo!" El Vingador tomou posse do posto maior do Reino no mesmo dia, prometendo varrer do território todos os "vermelhos", seja lá o que isto signifique.

Luís Pimentel é jornalista e escritor

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