Ricardo Cravo Albin - reprodução
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Por O Dia

Rio - Quando se instalam na Presidência da República novos governantes, meu coração fica aos pulos pelas mudanças a definir padrões mais consistentes para a educação escolar neste país.

Sempre fiquei desolado com o mexe-mexe nos currículos escolares. E isso desde que concluí o meu curso no Internato do Colégio Pedro II. Ao longo destas últimas cinco décadas, acompanhei as trêfegas e cada vez piores mudanças com que cada ministro da educação imaginava salvar o ensino, o país, e, quase sempre, ele mesmo.

A inacreditável sucessão de ministros meteóricos, especialmente nesta última década, potencializou os erros e aumentou em muito a desagregação daquilo que já aparentava ser um espelho partido em dezenas de caquinhos, ao menos na minha concepção de observador.

Dentre as três sequências de educação, embora os ensinos fundamental e universitário também exijam reflexões, o médio está há um tempão no CTI.

Há dois, três anos soube, quase ofegante, da medida provisória que o governo apresentou em socorro ao mais moribundo de todos os três, o ensino médio.

De pronto, fiquei esperançoso com algumas das propostas. Mas, apreensivo com tantas outras, algumas polêmicas e altamente combustíveis.

No frigir dos ovos, a proposta sem qualquer questionamento meu foi a que definiu horário mínimo de seis horas na rede pública. Ora viva, não é senão a busca do desejadíssimo horário integral. Ou seja, salve Darcy Ribeiro, que nos 80 ousou, esperneou, mas impôs os brizolões. Que foram (oh! mau sina) abandonados logo depois, pelos que lhe substituíram no governo do estado. Mas na cabeça de todos nós ficaria o tempo integral como uma solução necessária. E até um grito de alerta para todo o país, uma quase certeira tentativa de salvação nacional. Exagero eu com tamanha incandescência desta última frase? E daqui questiono o que o novo Ministro da Educação pretende fazer com o ensino. Deixar tudo como está? Preocupar-se apenas com a ideologia, efeitos temporais implantados pelo PT, de facílima extirpação? Ou se embrenhará pela essência, que é o método, a filosofia do ensino, a melhoria textual do aprendizado formal? Tal como, porque não?, nos países que se ergueram potencias mundiais, pelo e com o ensino? O tamanho dos desacertos em que o ensino médio patina vergonhosamente responde por si só. Considero essa reforma mais essencial que as demais, também urgentes, como a econômica, a política, a previdenciária.

Mas quando compreendermos que não há país decente sem esforços totais (eu digo, totais) para salvar a educação, o Brasil não cumprirá seu destino. Um destino ainda não alcançado pela falta de pesados investimentos para uma pragmática formação de nossas crianças e adolescentes, vítimas de governos insensatos e criminosos. Por décadas a fio.

Eis a razão de o Brasil não decolar.

Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

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