Ivanir dos Santos, babalawô e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, colunista do DIA - Divulgação
Ivanir dos Santos, babalawô e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - O racismo e intolerância religiosa ainda continuam a fazer vítimas todos os dias dentro e fora do nosso país, mesmo com uma série de projetos voltados para a construção da igualdade racial e o fortalecimento da liberdade religiosa.

Nas últimas semanas assistimos, via rede nacional da televisão brasileira, manifestações de racismo e intolerância religiosa envolvendo participantes de um reality show. Ora, até então poderiam dizer e pensar que são apenas manifestações poucas e que tal fato não simboliza um ato concreto de racismo e intolerância religiosa. Mas é aí que reside o engano!.

As manifestações expressadas pelos participantes, infelizmente, retratam o pensamento e ações de uma significativa parcela da população brasileira que vive, pensa e age como se o racismo e a intolerância não fossem dos mais bélicos condicionantes das nossas relações cotidianas. E parte desses condicionantes são frutos e reflexos das ideias que gestaram os princípios da falsa igualdade racial no Brasil e, que vêm fortalecendo a cada dia os muros invisíveis que separam negros e brancos. Muro esse, que tenta tornar todas as manifestações e atos de racismo e intolerância como ações impensadas ou como opinião pessoal.

Mas toda opinião pessoal é cunhada sobre as construções e experiências do indivíduo no meio em que vive e é forjado cotidianamente através das referências que recebe e assimila. A opinião é introjetada e incorporadas no seio da nossa sociedade, alimentada pela falsa ideia de estarmos vivendo em democracia racial e em liberdade religiosa. E seja aqui ou a acolá, precisamos ponderar e pontuar que, mesmo participando de um reality show, transmitido para milhares de pessoas dentro e fora do Brasil, os autores das manifestações não estão isentos de responder por suas falas e ações racistas, intolerantes e preconceituosa.

Destarte, cabe ao Ministério Público abrir uma ação civil de forma imediata. Infelizmente, ainda existe uma particularidade no Brasil: as pessoas acharem que racismo e a intolerância religiosa são apenas brincadeiras... Não são! Tratam-se de crimes previstos na Lei Caó, e só existem leis, porque existem crimes. Racismos e intolerância religiosa são crimes e violam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a igualdade de cor, gênero e credos. Precisamos lutar e combater ações como essas para que possam construir um país mais justo onde a liberdade, a pluralidade e tolerância possam ser os nossos verdadeiros pilares de sustentação.

Ivanir dos Santos é babalawô e conselheiro do Ceap

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