Por O Dia

Cerca de 10% da população mundial sofre de algum tipo de problema nos rins. Desde 2006, a Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN) e a Federação Internacional de Fundações Renais (IFKF) instituíram a segunda quinta-feira do mês de março como o Dia Mundial do Rim. A efeméride foi criada para chamar a atenção para a importância do órgão que costuma ter suas funções comprometidas de maneira silenciosa, pois os sintomas das doenças renais só aparecem em estágios avançados. Em 2019, como em todos os anos, a prevenção é considerada uma grande aliada para evitar esta que já é a sexta causa de morte que mais cresce no mundo.

Uma das maneiras mais eficazes e de baixo custo de se precaver contra a insuficiência renal é diminuindo a ingestão de sal de cozinha. A adição de cloreto de sódio se prova desnecessária ao organismo ao longo da evolução humana. Seu consumo sempre foi muito baixo, representando uma pequeníssima fração do que é verificado hoje. O uso de sal nos alimentos começou a se difundir durante o Império Romano e não pelo sabor, mas com a finalidade de conservar os mantimentos. De tão raro e valioso, o sal passou a ser usado como recompensa aos soldados e foi essa prática que deu origem à palavra “salário”.

Incorporado à culinária como um condimento quase indispensável, mesmo nas pessoas com função renal normal, o sal provoca aumento da pressão arterial ou maior dificuldade de controle da pressão arterial. Hipertensão e diabetes são as principais causas da insuficiência renal e, para quem tem essas doenças, a restrição ao sal é ainda mais importante. Rins lesionados apresentam dificuldade de eliminação do excesso de sódio. E assim, o consumo elevado de sal cria ou amplia um perverso ciclo vicioso: a retenção de sódio piora o controle da hipertensão, que, por sua vez, causa mais danos aos rins, contribuindo para a aceleração da perda da função renal e a necessidade mais precoce de realização de diálise.

A redução da ingestão de sal deve ser encarada como um bom hábito e não um sacrifício, enquanto é tempo. Além dos benefícios clínicos, uma dieta sem excesso de sal é interessante até do ponto de vista gastronômico, pois permite que o sabor dos alimentos e condimentos seja mais perceptível e aproveitado em todas as suas variedades.

Dr. Jorge Paulo Strogoff é nefrologista, professor e pesquisador da UFF, consultor científico para a Fresenius Medical Care.

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