Mas, por mais que as mulheres lutem contra uma imagem feminina, romântica e delicada, a sociedade ainda as vêem por sua apresentação social, considerando os cuidados com o seu corpo, suas roupas e aspecto pessoal. Mais do que os homens, as mulheres são cobradas socialmente do cuidado com sua postura social. Independentemente de sua condição econômica, a sociedade impõe à mulher uma condição comportamental que transita pela tênue linha do que seja uma postura delicada ou submissa. Essa realidade obriga a mulher a desenvolver múltiplas habilidades sociais, mas ainda assim ela é vista como um ser frágil em relação aos homens.
Diante disso, imagina o que passa uma mulher com deficiência, que muita das vezes, ainda tem que lidar com a rejeição sociocultural de sua diferença? Imagina o que sofre de discriminação a mulher que use uma ajuda assistiva, como um par de muletas, uma cadeira de rodas ou uma perna mecânica? Essa mulher tem que lutar contra nossa herança cultural, o pensar de seus familiares, amigos e colegas de trabalho. São mulheres que ressuscitam leões, que encontram forças em sua essência feminina para desenvolver uma profissão, educar filhos, sustentar uma família e lutar contra preconceitos.
É fascinante observar a força da mulher quando mistura ternura, beleza e elegância, aos seus desafios do dia, numa combinação de atitudes e sutilezas quase imperceptíveis, mas que forma esse ser poderoso, que ainda enfrenta tantos preconceitos sociais reforçados por leis e praticas jurídicas que colaboram na construção de conceitos a partir de uma visão cultural que é discriminatória e que atenta contra os direitos e a dignidade da mulher.
Geraldo Nogueira é subsecretário da Pessoa com Deficiência no Município do Rio de Janeiro