Geraldo Nogueira   - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Geraldo Nogueira Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por O Dia
Rio - É comum ouvir que mulheres sofrem discriminação, seja na sua condição social ou no ambiente de trabalho. As mulheres por expressar suas emoções com maior facilidade do que os homens, acabaram denominadas como sendo o sexo frágil. Uma ideia que, no dia a dia, é reforçada no imaginário social pela gentileza masculina, como abrir-lhes portas, dar-lhes a preferência em assentos, dentre outras cortesias dos homens. Esse comportamento masculino tem sido combatido pelos movimentos feministas que lutam por igualdade social, rompendo com um costume que reforçar uma imagem de fragilidade da mulher. Algumas feministas chegam a evitar o romantismo e existem mulheres que até abandonam os hábitos mais delicados e femininos.

Mas, por mais que as mulheres lutem contra uma imagem feminina, romântica e delicada, a sociedade ainda as vêem por sua apresentação social, considerando os cuidados com o seu corpo, suas roupas e aspecto pessoal. Mais do que os homens, as mulheres são cobradas socialmente do cuidado com sua postura social. Independentemente de sua condição econômica, a sociedade impõe à mulher uma condição comportamental que transita pela tênue linha do que seja uma postura delicada ou submissa. Essa realidade obriga a mulher a desenvolver múltiplas habilidades sociais, mas ainda assim ela é vista como um ser frágil em relação aos homens.

Diante disso, imagina o que passa uma mulher com deficiência, que muita das vezes, ainda tem que lidar com a rejeição sociocultural de sua diferença? Imagina o que sofre de discriminação a mulher que use uma ajuda assistiva, como um par de muletas, uma cadeira de rodas ou uma perna mecânica? Essa mulher tem que lutar contra nossa herança cultural, o pensar de seus familiares, amigos e colegas de trabalho. São mulheres que ressuscitam leões, que encontram forças em sua essência feminina para desenvolver uma profissão, educar filhos, sustentar uma família e lutar contra preconceitos.

É fascinante observar a força da mulher quando mistura ternura, beleza e elegância, aos seus desafios do dia, numa combinação de atitudes e sutilezas quase imperceptíveis, mas que forma esse ser poderoso, que ainda enfrenta tantos preconceitos sociais reforçados por leis e praticas jurídicas que colaboram na construção de conceitos a partir de uma visão cultural que é discriminatória e que atenta contra os direitos e a dignidade da mulher.

Geraldo Nogueira é subsecretário da Pessoa com Deficiência no Município do Rio de Janeiro