André Esteves - Divulgação
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Por O Dia
Rio - Ao contrário do que a maioria ainda pensa, os recursos naturais não são inesgotáveis. Divididos em renováveis e não renováveis, dependem muito da forma como são utilizados e preservados para sua manutenção. O papel desempenhado pelo homem é um fator crítico de sucesso para a compatibilização do desenvolvimento econômico, social e ambiental, assim como as políticas públicas desenvolvidas para a proteção e o equilíbrio da biodiversidade. A compatibilidade destes dois elementos é fundamental para o avanço da qualidade de vida e da garantia dos direitos individuais, coletivos e difusos.

A expressão “desenvolvimento sustentável” surgiu pela primeira vez na década de 1990, por ocasião da ECO 92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992). Naquele momento, se explicitou a necessidade urgente de convergência nas agendas econômica, social, ambiental e cultural. Muito pouco se avançou até aqui.

O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta: são mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com diferentes zonas climáticas, a maior variedade de biomas proporcionando uma riqueza de fauna e flora, que corresponde a 20% das espécies encontradas no mundo. São mais de duzentos povos indígenas e diversas outras culturas que reúnem um importante conjunto de saberes tradicionais para a conservação da natureza local. Um bônus.

Temos desafios compatíveis com nossa relevância ambiental: água e saneamento, mudanças climáticas, destinação de resíduos sólidos, mobilidade urbana, desmatamento, produção de energias limpas, demarcação de terras indígenas. Urge a necessidade de um pacto social para evitar retrocessos e produzir avanços. A ciência e o empirismo precisam caminhar de mãos dadas. Temos visto o contrário. Um ônus.

Os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável trazem uma oportunidade de reflexão sobre 17 temas relevantes para a agenda 2030. Um conjunto de ações para debater, de forma multidisciplinar e participativa, com todos os atores envolvidos ( poder público, iniciativa privada, academia, terceiro setor, sociedade civil, parlamento, mídia), os desafios para uma sociedade sustentável e resiliente. Um caminho.

A sociedade precisa tomar partido desta pauta, colocando interesses coletivos acima dos interesses individuais. Entender o seu papel neste contexto, refletindo sobre as causas e, principalmente, as consequências dos seus atos. É preciso frear o ímpeto consumista, rever gestos e atitudes. Olhar em uma nova direção. Todos somos culpados e vítimas ao mesmo tempo.

Que o Dia Mundial do Meio Ambiente traga discernimento e uma reflexão sobre a importância e a relevância da pauta ambiental para a humanidade. Neste embate permanente não vencedor, apenas perdedor. A natureza não perdoa jamais.
André Esteves é secretário executivo do Instituto OndAzul