Flordelis - Divulgação
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Por O Dia
Rio - É preciso muita perseverança para adotar um filho no Brasil. Sou mãe de 55 filhos, sendo 51 deles adotivos. Cresci nos becos da favela do Jacarezinho vendo a desigualdade social, a dura violência imposta pelo tráfico de drogas, devido à ausência do Estado e falta de políticas sérias. Crianças e adolescentes sempre foram e ainda são as mais afetadas pelo tráfico e violência. Destino ou missão, o fato é que nunca me conformei com essa injustiça social, fui à luta, conquistei visibilidade pública, mas nem por isso tive facilidades para legalizar a guarda. Se, hoje, existem mais de 9 mil crianças e adolescentes aptos para adoção e 47 mil pessoas na fila querendo adotar, por que essa conta não fecha?

Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, existem pouco mais de 39 mil crianças sem futuro definido vivendo em abrigos provisórios e que não estão aptas para adoção por falta de celeridade no processo. Em contrapartida, existem casais que enfrentam há dez anos essa espera angustiante, privando seres humanos do amor que têm para compartilhar.

Precisamos de políticas públicas voltadas para a adoção, que diminuam burocracias e agilizem o processo. É necessário também olhar com seriedade para a questão do acolhimento, para que os abrigos não se tornem cárceres para essas crianças e adolescentes. Temos de ampliar as possibilidades de uma vida mais digna e feliz para jovens e crianças que, hoje, vivem à margem da sociedade. Precisamos de profissionais competentes para lidar com a questão da adoção em todas as esferas de poder. Se não tiver técnicos trabalhando o suficiente, não haverá processos de adoção nem celeridade.

Faço um apelo e deixo registrado, usarei o mandato de deputada federal na luta para a abertura de mais varas de infância e adolescência no país. Já está previsto no provimento 36 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que a cada 100 mil habitantes tenha uma vara de infância, mas na capital do meu estado Rio de Janeiro, para 14 milhões de pessoas, tem apenas quatro varas da infância e adolescência.

Sou mãe acima de tudo, assim vou levar adiante a missão de transformar a adoção em uma questão de justiça e resgate de vidas. Convoco a todos para levantar a bandeira “Adoção 9 Meses: Família para Todos”. Pelo fim das burocracias, meu objetivo é simplificar o processo sem diminuir sua importância e seriedade. Se a adoção é um ato de amor, que ele se realize no período máximo de uma gestação. Afinal, retardar esse ato é o mesmo que adiar o acesso aos direitos básicos do cidadão. Vamos por fim a tanta injustiça, a burocracia não pode nem deve privar ninguém de ter direito a uma família.

Flordelis é deputada federal pelo PSD-RJ