Jonathan Aguiar - Divulgação
Jonathan AguiarDivulgação
Por O Dia
Rio - Nas últimas semanas novamente fomos bombardeados com notícias que professores são agredidos em seu ambiente de trabalho. Uns naturalizam este episódio, outros ficam indignados com tamanha brutalidade. Afinal, ser professor não é uma tarefa fácil!

Temas como violência, agressividade e descaso ao professor diante do seu fazer político, cultural, social e educacional precisam ser discutidos com muita seriedade. Sobretudo, deve-se ter como ponto central a valorização da docência, começando por melhores condições salariais, o direito a formação continuada e assegurar-lhes a proteção legal, visto as violências físicas, psicológicas e simbólicas que vivencia no exercício da docência. Falar sobre esses assuntos corresponde a busca por uma educação emancipadora, em que a escola e a sociedade devem construir diálogos para enfrentar as questões supracitadas.

Algo que me chama atenção quando são trazidas essas temáticas para a escola é pensar o que é agressividade, para além de quem seja o sujeito que comete o ato que denominamos como “agressivo”, ou sinônimo de violência como acontece hoje em dia.

Com base nas ideias de Winnicott, psicanalista inglês, a agressividade é inerente ao ser humano e se faz necessária para a construção da identidade e da subjetividade. Neste processo de desenvolvimento cada sujeito se depara com frustrações, sensações, impulsos que podem levar a atos criativos (como o próprio brincar) ou destrutivos. A agressividade pode ser entendida como uma “força”, “movimento” que nos leva à mudança – que pode ser acolhida, ou não. Até porque, para remetê-la à violência, deve-se observar aos múltiplos contextos sociais e culturais. Frente a isto, indago: será que as escolas acolhem ou excluem a agressividade? O que fazer quando a violência bate nas portas das salas de aulas brasileiras?

Após a identificação da problemática, todos os agentes que compõe a instituição escolar não podem se abster, mas sim agir, por meio de propostas e práticas pedagógicas, projetos que têm por finalidade discutir sobre as regras de convivência com estudantes, professores e toda a comunidade escolar. A aposta se dá na criação de espaços lúdicos com o intermédio de jogos e brincadeiras que ampliem o debate sobre agressividade e violência, pois o brincar é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e relacional. Que o diálogo, a empatia, o respeito mútuo, a solidariedade e a cooperação, sejam trazidas à baila para mudanças de atitude frente a violência que chegou a nossas escolas. Que sejamos educadores acolhedores à vida humana.
Jonathan Aguiar é autor do livro “Educação, Lúdico e Favela”