Renato Cinco - Divulgação
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Por O Dia
Rio - Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai alterar as regras de trânsito brasileiras. Bolsonaro pretende aumentar os limites de velocidade e permitir que pessoas continuem com a carteira mesmo após o cometimento de cinco faltas gravíssimas.

Infelizmente, as medidas vão na contramão das recomendações técnicas. Não passam de uma demagogia muito perigosa que mira agradar motoristas, mesmo que suas consequências sejam danosas para pedestres, ciclistas, o meio ambiente, as cidades e até para o trânsito.

Ao contrário do que parece, um afrouxamento das regras não resultará em menos tempo das viagens. Altas velocidades e motoristas mais imprudentes aumentam o número de acidentes. Carros mais rápidos são incapazes de frear a tempo de evitar batidas e acidentes. Não são os limites de velocidade que pioram nosso trânsito e, sim, os acidentes e batidas que fecham pistas e engarrafam vias.

É o que comprova recente estudo do CET-SP sobre a redução dos limites de velocidade em São Paulo, além das experiências mundiais similares. Cidades como Nova Iorque, Londres e Paris já impuseram a diminuição de velocidade em seus perímetros urbanos. O resultado foi o aumento da velocidade média e a queda do número de acidentes.

Além disso, a redução da velocidade máxima diminui a emissão de gases poluentes, que prejudicam a saúde do planeta e dos moradores da cidade.

Porém, a mais grave consequência dessas alterações é o custo em vidas. Na cidade do Rio de Janeiro, há quase mil vítimas anuais de acidentes de trânsito.

No Brasil, apenas nas rodovias federais em 2014, morreram 8.233 pessoas e 26.182 ficaram gravemente feridas. O custo social, entre gastos do SUS e INSS e perda de capacidade de trabalho dos acidentados, foi de R$ 12,8 bilhões. Uma conta cara demais para um país em crise econômica e um custo desnecessário sobre o nosso já precário serviço de saúde pública.

Durante uma reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Bicicleta e da Mobilidade Urbana criada por meu mandato, ciclistas demandaram uma diminuição da velocidade máxima na cidade. Para todos que usam a bicicleta cotidianamente, quer os que usam para lazer, os entregadores, os vendedores ambulantes de bicicleta ou a população que usa da bicicleta para chegar ao trabalho, essa diminuição garante um maior acesso à cidade e mais segurança.

Atendendo a esse pedido, meu mandato escreveu o Projeto de Lei 1.251/19, que reduz as velocidades máximas na nossa cidade. Precisamos convencer que reduzir a velocidade melhora o trânsito e salva vidas.
Renato Cinco é sociólogo e vereador pelo PSOL/RJ