Marcelo Álvaro Antônio - roberto castro
Marcelo Álvaro Antônioroberto castro
Por O Dia
Rio - Em um país como o nosso Brasil, que tem desafios enormes para superar em setores estratégicos como educação, saúde e segurança, o governo tratar do tema turismo parece, numa análise superficial, uma perda de tempo. Mas estão equivocados aqueles que enxergam o setor de viagens como irrelevante.

Exatamente por precisar de recursos para melhorar todas essas áreas, o Brasil tem de focar em setores que movimentam a economia, atraem investimentos internacionais e geram emprego. É uma questão aritmética, deixada de lado há décadas.

O desejo por serviços públicos de qualidade é legítimo, mas precisa vir acompanhado de uma resposta: quem vai pagar a conta. Não adianta pregarmos a distribuição de renda ou defendermos programas sociais com impostos que penalizam e que inibem o setor produtivo.

Historicamente, de maneira geral, o brasileiro acreditava que os recursos públicos são ilimitados. Mas não são. Agora, por causa dos debates sobre a Nova Previdência, a sociedade tem dado os primeiros sinais de que esta cultura do gasto sem medir os desdobramentos futuros está mudando.

Pois bem: o turismo é justamente o setor que vai ajudar a pagar essa conta. É uma atividade que, por sua própria natureza, promove a distribuição de renda. Não há na economia brasileira um setor que tenha impacto mais amplo que o de viagens. Acredite, são mais de 50 as atividades beneficiadas quando alguém decide fazer uma viagem, seja de turismo ou a trabalho.

Quando um turista desembarca num destino, aluga um carro, se hospeda num hotel, compra um artesanato ou almoça num restaurante, além do impacto direto nas atividades que o atendem, ele beneficia a agricultura que abastece os bares e restaurantes, movimenta as indústrias têxtil e eletrônica que fornecem roupas de cama e televisões para os hotéis, impacta na indústria automovia que vende automóveis para as locadoras.

Vejam alguns números para ilustrar o que digo: o turismo responde por 1 em cada 5 novos empregos que surgem no mundo. Para cada 30 novos turistas que chegam no país é criada uma nova vaga de emprego. E para cada 1 dólar que o setor de turismo investe, o retorno estimado é de 20 dólares. No Brasil, enquanto o PIB (soma das riquezas do país) cresceu 1,1% no ano passado, o turismo cresceu 3,1% - quase 3 vezes mais.

Mas esses números ainda são muito pequenos, se comparados com outros países. Há uma série de exemplos espalhados pelo mundo do poder transformador e multiplicador do turismo. Espanha, Portugal, Grécia, Peru, Singapura e Tailândia servem de inspiração. Ao se abrirem para o mundo, além de obterem ganhos com a troca de experiências, essas nações injetaram vitalidade nas suas reservas financeiras.

Turismo é economia e estimulá-lo significa gerar condições para a população ter emprego – e melhores condições de saúde, educação e segurança. Ao priorizar o turismo na agenda estratégica do país, o presidente Jair Bolsonaro corrige uma visão historicamente distorcida e mostra que, enfim, passamos a enxergar algo que deveria ser óbvio: esta é a Hora do Turismo.

Marcelo Álvaro Antônio é ministro do Turismo