Marcelo Queiroz - Gabriel Andrade
Marcelo QueirozGabriel Andrade
Por O Dia
Rio - Criada recentemente pelo governador Wilson Witzel, a Secretaria de Estado de Vitimização e Amparo à Pessoa com Deficiência terá como uma de suas atribuições cuidar de policiais que sofreram ou vierem a sofrer algum tipo de trauma no combate ao crime. Considerando o descaso que esse segmento da sociedade e do serviço público foi tratado nos últimos governos, podemos dizer que Witzel escreveu seu nome no “livro de ouro” da Segurança. Isso porque atentou para dois grupos que até então eram quase invisíveis: policiais mutilados e seus familiares.

Para comandar a nova pasta, o governador moveu uma peça importante no tabuleiro de xadrez político, deixando em “xeque” raposas felpudas do cenário político: nomeou a major da PM e deputada federal Fabiana Silva de Souza. Acertou ao escolher uma representante da Polícia Militar, corporação que mais sangra ao defender a população.

A major Fabiana é uma oficial com boa comunicação com a tropa e vasta experiência profissional. Como mulher, tem um olhar diferenciado sobre a questão, podendo dar atenção às policiais femininas vitimadas e às jovens viúvas de policiais mortos em combate, que precisam reiniciar suas vidas e cuidar de seus filhos.

A vitimização policial é um problema que há muito tempo assola a categoria, mas apenas recentemente vem ganhando mais destaque. Em maio deste ano, o Rio sediou o primeiro simpósio nacional sobre o tema, que teve o objetivo de discutir de maneira profunda o assunto, por meio da apresentação de estudos e palestras sobre temas como saúde mental e medicina de guerra. Durante o evento, que contou com a presença do governador e do ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, também foram apresentados os estudos da Comissão de Análise da Vitimização Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro, do coronel PM Fábio da Rocha Bastos Cajueiro, um dos idealizadores do evento e pesquisador sobre o tema.

O verdadeiro cenário de guerra urbana que vivemos no Rio e em outras grandes regiões metropolitanas brasileiras apenas reforça a importância de se debater e buscar soluções para a vitimização policial. Estamos falando de pessoas que dão a sua vida em prol do bem comum e de famílias que perdem os seus entes queridos. Essas pessoas não podem ser tratadas como se servissem somente enquanto têm condições de trabalhar, ficando desamparadas quando perdem esta capacidade. Isso vale não apenas nos aspectos financeiros, mas também no que diz respeito a dar a condição de vida mais digna possível para quem tanto faz pela sociedade.

Para um “recruta” na política, a criação da Secretaria de Vitimização, torna Witzel o legítimo Comandante em Chefe das Forças de Segurança do Estado. Não só por ser governador, mas porque se preocupa com a tropa e seus familiares.

Marcelo Queiroz é advogado e professor universitário