Vereador Alexandre Arraes - Reprodução/Facebook
Vereador Alexandre ArraesReprodução/Facebook
Por O Dia
Rio - Quando a ONU estabeleceu 8 de agosto como o Dia Internacional do Pedestre, quis chamar a atenção para que o planejamento das cidades levasse em conta principalmente a segurança das pessoas que se deslocam por meios não-motorizados. Afora alguns exemplos bem sucedidos em cidades de grande porte, como Londres, que traçaram e põem em prática planos ambiciosos de estimular o transporte público e os deslocamentos a pé, o que se nota é a predominância de ambientes urbanos subordinados à cultura do automóvel, que se impõe desde a sinalização de trânsito até a simples travessia de uma rua, quando a preferência é claramente do carro e nunca do pedestre.

Não há como, numa cidade como o Rio de Janeiro, adotar planos radicais, como o de Vancouver, no Canadá, que simplesmente declarou guerra ao automóvel e pretende, até o ano 2050, criar meios de tornar a cidade tão compactamente planejada, com um sistema de transportes públicos tão eficiente, que levará os cidadãos, naturalmente, a abrir mão dos carros em, troca de caminhadas prazerosas, num ambiente urbano em que as áreas verdes predominarão.

O tema é abrangente, por envolver aspectos da vida social e setores da administração pública, como transporte, saúde, educação e meio ambiente, mas não dá para esperar: mais de 80% dos brasileiros vivem nas cidades e, no Rio, eles são 6,5 milhões, dos quais cerca de metade realiza diariamente deslocamentos a pé. É para essa gigantesca necessidade que precisamos implantar, sem demora, o Estatuto do Pedestre, projeto de lei no. 62/2017, de minha autoria, aprovado pela Câmara Municipal e que, desde então, aguarda regulamentação.

Assegurar a caminhabilidade e a acessibilidade universal dos espaços públicos é fundamental para a construção de uma cidade democrática. Uma cidade caminhável traz inúmeros benefícios. Além de influenciar diretamente na segurança, melhora a saúde da população, através da mudança de hábitos, reduzindo doenças e problemas provocados pela obesidade e pelo sedentarismo. Além disso, uma população mais ativa representa ganhos ambientais, pela redução da poluição atmosférica em decorrência da redução do uso do transporte motorizado individual.

Estudo na cidade americana de Atlanta mostrou que, para cada cinco minutos adicionais que os moradores dirigem por dia, havia 3% a mais de risco de ficarem obesos. Outro estudo, realizado em San Diego, reforça que 60% dos moradores de um bairro com baixa caminhabilidade estavam com sobrepeso, se comparados com os 35% de uma comunidade altamente caminhável. A propósito das vantagens de caminhar, não custa lembrar que grandes escritores, como Charles Dickens, Gustave Flaubert, Ernest Hemingway, Friedrich Nietzsche, Henry Thoreau e Virginia Woolfe, se divergiam filosoficamente em quase tudo, concordavam num tema: caminhar é, tanto uma necessidade como um prazer.  
Alexandre Arraes é vereador pelo PSDB-RJ