Tiago AquinoDivulgação
Por O Dia
Rio - Trago inicialmente inspirações da obra “O Brincar e a Natureza” de Giselle Frufrek “Houve um tempo em que a ausência de estradas e acessos rápidos protegiam as comunidades do progresso predatório. Nestes lugares, as crianças cresciam ouvindo o canto dos pássaros, coaxar de rãs, melodias feitas pelos grilos, assistiam ao entardecer pintar o céu multicor, e talvez, quando a escuridão chegasse, os vagalumes surgiriam a piscar pelos campos”. Os caminhos na mata e os sons da natureza povoavam a imaginação das crianças. Brincavam livremente, construíam seus brinquedos com elementos que encontravam disponíveis em seu entorno. Pedras, galhos e sementes eram transformados em carrinhos, bonecos ou jogos de desafios. Bastava um graveto e uma pedra, risco pra lá, risco pra cá, estava feito a Amarelinha ou Sapata. A observação, descobertas e criatividade andavam soltas. Suas vidas cresciam profundamente enredadas ao universo natural. Observar uma folha se soltar de uma árvore e acompanhar sua trajetória até cair ao chão, embalada pelo vento, era uma imagem corriqueira a ser vista pelas crianças.

Essas questões não são tão frequentes no dia-a-dia das crianças e assim preocupam os pais e educadores quando refletimos sobre as questões sociais, motoras e psíquicas. Os estudos sobre os malefícios e a promoção da tecnologia pelas crianças são inúmeros. Estamos ou não, em evolução? São respostas que nos fazem perder o sono quando olhamos para um futuro próximo e real.

Consideraremos aqui a tecnologia como uma aliada à pesquisa, instrumento de acessibilidade ao conhecimento e que, se utilizada de forma harmônica na vida do sujeito, seguirá contribuindo nesta evolução. Sabemos que o tempo que as crianças têm permanecido conectadas através das tecnologias, celulares, computadores, jogos eletrônicos em geral, televisão, é assustador e os efeitos prejudiciais desta relação já estão presentes e são visíveis no seu desenvolvimento. Trazendo ainda inspirações em Giselle Frufrek as crianças apresentam dificuldades psicomotoras, na fala, falta de concentração, ansiedade, agressividade ou passividade extremas, dificuldades de aprendizagem e alfabetização, incluindo um aumento progressivo de diagnóstico de depressão infantil, hiperatividade e déficit de atenção. Adultos também alongam esta lista de patologias, devido ao excesso de tempo voltado às tecnologias.

As escolas e o brincar são espaços saudáveis para o desenvolvimento da criança. Brincando elas vivem seu próprio momento. Nas atividades com jogos e brincadeiras, o que vale é o prazer, e a alegria é o desafio do momento. Na perspectiva das crianças, não se joga para ficar mais inteligente; joga-se porque é divertido. Vamos salvar a infância! Que os pais e responsáveis possam equilibrar o tempo entre o mundo real e o conectado! Vamos brincar!
Tiago Aquino é palestrante e escritor