Patrícia Cerqueira Reis - Divulgação
Patrícia Cerqueira ReisDivulgação
Por O Dia
Rio - Era uma vez, em uma cidade maravilhosa, um nativo de nome Carioca. Desde que se conhece por gente ele tem apenas um único amor: sua terra, seu lugar, enfim, a sua cidade, o Rio de Janeiro. Carioca cresceu num lugar que foi palco de grandes momentos históricos. Viu a Corte de Dom João VI chegar em 1808; viu castelos, quintas e fortes serem construídos; e viu o Império virar República sem guerras ou conflitos, afinal esse era o sonho da elite e não da esmagadora maioria de trabalhadores. Carioca viu um tal de Pereira Passos transformar sua cidade como se o Rio de Janeiro fosse uma extensão de Paris, construindo quadras, parques e a Cinelândia. Carioca viu presidente da república suicidar lá no Catete e anos depois viu o governo do país se mudar para Brasília, deixando sua cidade com os altos custos previdenciários dos funcionários públicos e sem uma economia local que compensasse a ausência do governo federal. Dizem a boca miúda que o Carioca até hoje se recente disso, sonha com as benesses do funcionalismo público, mas vive na realidade de sua falta de identidade produtiva.

Viu no Maracanã, sua segunda casa, o Brasil perder para o Uruguai na final da Copa de 50. Isso são águas passadas, porque o que Carioca realmente gosta de ver por lá é o bom e velho Fla-Flu num domingo à tarde.

Carioca tem um amor tão grande pela sua cidade que é como se diz lá em casa: “eu posso falar mal do meu irmão, mas se alguém na rua fizer isso vai ter que se ver comigo!” É assim, esse amor do Carioca pelo Rio de Janeiro. Uma relação idílica, sonhadora e até fantasiosa. Sempre foi assim, mas um dia, acredite, deixou de ser.

O Carioca perdeu seu amor. Perdeu, mas não sabe muito bem onde foi. Ele acha que pode ter perdido seu amor por não reconhecer mais nas ruas a capacidade empreendedora de achar uma forma criativa de solucionar os problemas do dia a dia; ou por não haver infraestrutura mínima na cidade para atender às suas necessidades; pode ser porque quase nada é eficiente na gestão pública – saúde, hospitais, limpeza, ordem pública. Ele sabe que perdeu seu amor na insegurança que sente para andar nas ruas, para pegar um ônibus ou quando para em um sinal de trânsito. Sem falar nas balas perdidas e achadas que se espalham pelas comunidades atingindo bandidos e inocentes. Isso sim, ele sabe bem, também fez ele perder o seu amor.

Carioca perde seu amor pelo Rio de Janeiro cada vez mais, ano a ano. Em 2018, 26,27% dos moradores da cidade do Rio de Janeiro não indicariam a cidade para parentes e amigos. Em 2019, esse número cresceu para 44,79%, como revela o estudo da Marca Rio, do Observatório da Marca Rio ESPM.

O Carioca que podia, foi embora. Foi morar em outra cidade, estado ou país. Todo carioca tem um amigo, ou amigo do amigo, que foi morar em Portugal. Entretanto, muitos ainda estão por aqui e alguns até andaram divulgando “Diga ao Rio que fico”. Só que não basta dizer, tem que fazer.

O que VOCÊ fez hoje para poder voltar a amar o Rio de Janeiro? Passa lá no www.observario.espm.br, citado mais acima como Observatório da Marca Rio. Foi elaborado para oferecer às instituições públicas e privadas e à sociedade em geral informações sobre os aspectos relacionados à identidade, imagem e reputação da marca da cidade. Trabalhamos para que nossos indicadores e relatórios apoiem tomadas de decisão consistentes e eficazes.

Patrícia Cerqueira Reis é professora e pesquisadora da ESPM Rio e coordenadora do Observatório da Marca Rio da ESPM