Paulo Adib - Divulgação
Paulo AdibDivulgação
Por O Dia
Rio - No dia 15 de outubro de 1827, D. Pedro I criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, todas as cidades, vilas, lugarejos deveriam ter suas escolas de primeiras letras. Esse documento abordava vários itens: descentralização do ensino, salários dos professores, as matérias básicas que os alunos deveriam aprender e até como os mestres seriam contratados.

A ideia, inovadora e revolucionária, era ótima, mas não foi cumprida. Em 1947, 120 anos após a lei, ocorreu na mesma data, em São Paulo, a primeira comemoração de um dia dedicado ao profissional do ensino.
Segundo especialistas, infelizmente, o Brasil não investe o suficiente no ensino e, quando o faz, não é de forma adequada. A criança, como protagonista desse teatro, fica em segundo plano.

O Brasil vive um caos nas escolas públicas! Os índices de analfabetismo são mais altos do que no Paraguai e na Indonésia e muito longe dos países desenvolvidos. Há cerca de 17 milhões de analfabetos no Brasil. Fora desse universo, existem os semianalfabetos, que sabem assinar o nome, ler, mas não compreendem o que estão lendo.

Um levantamento intitulado Pesquisa Social Brasileira, realizado pelo Instituto DataUFF (Universidade Federal Fluminense) e coordenado pelo sociólogo Alberto Carlos Almeida, revelou que se todas as pessoas em idade escolar estivessem em salas de aula hoje, a população brasileira teria, num futuro próximo, baixíssima tolerância à corrupção. A parcela da população com mais educação tem valores sociais mais sólidos.

A corrupção é um mal arraigado na cultura universal e natureza humana, tão absoluta e disseminada pelo mundo, que não existe solução nem ação individual possível ou eficaz contra ela.

Como na época do Império, ainda hoje vemos o sistema educacional deficiente e padronizado, que privilegia a cultura acumulativa e a aceitação, mas não ensina a pensar e desestimula a contestação. Se não bastasse a herança moral e a cultura, temos a baixa escolaridade, inconsciência, alienação ou indiferença do povo, pois a escola é a maior ferramenta para formar seres humanos – Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele (Provérbios 22-6).

A educação lidera a lista de desvio de recurso e isso justifica a falta de qualidade na educação pública prestada ao povo brasileiro. Segundo o informe da Agência de Notícias dos Assuntos da Infância – ANDI, a educação é um dos maiores orçamentos do governo brasileiro e também o principal foco de corrupção e é, responsável por cerca de 60% dos desvios de recurso públicos.

Ao invés das verbas irem para as salas de aula, vão para os bolsos de muitos corruptos. Irregularidades em reformas de escolas, verbas para merenda, construção de quadras de esportes, entre outros, estão entre os principais ralos dos desfalques dados no Erário.

A ONG Transparência Internacional atribui ao Brasil a vergonhosa posição de 69º no ranking de percepção de corrupção, com a pontuação de 3.7. Já para os países líderes, encontra-se em primeiro a Dinamarca, com 9.3, seguida da Finlândia em 4º, com 9.2 e a Suécia em 5º, com os também 9.2.

Eu tive a oportunidade de visitar os três países, Finlândia, Dinamarca e Suécia e posso afirmar que a formação educacional é prioritária, tendo como base os valores éticos, morais e familiares sempre em primeiro plano.

Os governos municipal, estadual e federal tem que criar um Ministério e Secretarias Anticorrupção com funcionários públicos concursados, sem qualquer ligação partidária, com acesso direto ao Poder Judiciário e assim será possível produzir resultados mais concretos, pois a JUSTIÇA RÁPIDA É O MELHOR DOS REMÉDIOS. Talvez, quando este dia chegar, teremos algo a comemorar no dia dos professores.
Paulo Adib é coordenador do Núcleo de Segurança Pública da Associação das Nações Unidas no Brasil – ANUBRA e Gerente da DISI do Grupo Microcamp