Por Mônica Roberta*
Rio - Sabe aquela pergunta clássica que se faz quando o copo está com água pela metade: o copo está cheio ou vazio? Os pessimistas dizem que ele está meio vazio, os otimistas que está meio cheio e os realistas, por sua vez, que o copo está pela metade.

O leilão do Excedente da Cessão Onerosa do Pré-Sal, considerado um dos mais atraentes do mundo, teve como grande vencedor o consórcio Brasil-China, isto é, a Petrobras (90%) e as chinesas CNODC (5) e CNOC (55) com o arremate pelo valor mínimo da principal reserva: Búzios com um bônus de R$ 68,19 bilhões para o Brasil e ainda, a Petrobras arrematou sozinha Itaipu por R$ 1,7 bilhão. Os outros campos, Atapu e Sépia, não tiveram lances e serão leiloados novamente. A expectativa era de R$106 bilhões e ficou em R$ 69,9 bilhões.

Mas, o que isso representa para o Brasil e para a população brasileira? A perspectiva de desenvolvimento e de crescimento do país, trabalho e geração de riqueza.

Contudo, não basta ter grandes jazidas de petróleo, o Brasil tem a oportunidade única de resgatar cerca de 13,5 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza (menos de R$ 145/mês ou US$ 1,9 por dia), mas precisa de recursos e de uma legislação que proteja os direitos fundamentais dos trabalhadores, do meio ambiente e das empresas.

Não existe mágica, países que viveram os horrores da guerra ou situações econômicas críticas conseguiram “virar o jogo”, essencialmente, por meio da educação de base. Nosso índice brasileiro de educação está abaixo da média mundial, mais da metade das crianças que entram nas escolas não concluem os seus estudos.

Educação não é gasto, é investimento e exige uma política pública sustentada e voltada para o longo prazo. Nossos professores, na sua maioria, amam a profissão.

Temos mão de obra, um público ávido para aprender e trabalhador, temos a nossa criatividade inata e o nosso “jeitinho brasileiro” – no passado, um comportamento vil, mas hoje, sinônimo de resiliência, isto é: “se vira nos 30”. Então, o que nos falta?

Planejamento. Ações com começo, meio e fim. Profissionais devidamente capacitados e dignamente remunerados, material didático bem elaborado, escolas e cursos com infraestrutura básica, parcerias empresa-escola e atendimento a alunos, de todas as idades.

Nós somos o povo da globalização, nós somos a “mistura” de várias etnias, isto é, somos um dos povos mais miscigenados do mundo, nós nos adaptamos e sobrevivemos a quaisquer tragédias, nós somos brasileiros. Nós recebemos as pessoas de braços abertos, nós somos “ingênuos”, porque acreditamos nas promessas que nos fazem, mas nós acreditamos que podemos mudar o nosso futuro.

O mercado do pré-sal demandará mão de obra direta e indireta, do servente de obra ao engenheiro, da cozinheira do botequim ao pesquisador, porque nós estaremos entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo.

Aos nossos governantes, apenas um pedido, pensem no Brasil e façam aquilo que vocês gostariam que alguém fizesse por você ou pelos seus filhos e netos. Nós tivemos “sorte”, porque moramos “num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...”, então, vamos aproveitar a nossa “sorte”.
*Coordenadora Acadêmica do Projeto Reta de Chegada e do Programa de Orientação Profissional em Administração e Educação (POPAE)
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