Marcos Espínola - Divulgação
Marcos EspínolaDivulgação
Por O Dia
Rio - Uma famosa campanha publicitária de refrigerante dizia que imagem não é nada, sede é tudo. Claro que se tratava de um artifício para defender e valorizar com humor o conteúdo do produto em si, o que foi bem-sucedido por muito tempo. No entanto, não precisamos ser comunicadores, embora todos sejam nesta era de farto canais de comunicação, para entendermos que a imagem e reputação é um dos bens mais preciosos de uma pessoa física ou jurídica. E quando o assunto é o Poder público, uma nação, isso é fundamental para a construção de relações exteriores, parcerias e negócios de toda ordem. A ausência de investidores estrangeiros no recente megaleilão do petróleo acende um sinal de alerta para o país, essencialmente para o Rio de Janeiro, e nos leva a refletir qual a nossa imagem atual perante o mundo.

Não podemos ignorar que nos últimos anos a crise moral e ética que assolou a nação trouxe sérias consequências para a visibilidade e credibilidade do Brasil. Foram escândalos sequenciais e episódios trágicos para um país em desenvolvimento e que buscava figurar entre as melhores e maiores potências do planeta.

A consequência disso é um receio ou medo mesmo declarado dos investidores internos e, primordialmente do exterior. A insegurança jurídica que preservamos é extremamente nociva para a nossa economia. Quando o poder público não cumpre a sua parte fica muito difícil conquistar a confiança de quem pode fomentar negócios e movimentar o mercado local.

A recente atitude da prefeitura do Rio é outro exemplo emblemático não só da péssima imagem que passamos, mas da falta de segurança jurídica que apresentamos. Independente do mérito, o fato é que há meios legais para qualquer parte de um contrato se manifestar e reivindicar seus direitos. Quando essa manifestação é unilateral e de forma, no mínimo, não convencional, é um equívoco e com danos irreparáveis, dentre eles, para a imagem da cidade.

As cenas do quebra-quebra das cabines da Linha Amarela percorreram o mundo e, certamente, arranhou ainda mais a imagem de um Rio de Janeiro já rotulado pela violência.

Definitivamente, nossas autoridades precisam ficar mais atentas de que, ao contrário do referido anúncio, sede não é nada, imagem é tudo, principalmente se essa sede for por holofotes e interesses outros se não o bem coletivo.
*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública