opina1911 - arte o dia
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Por Washington Quaquá*
Todos fomos surpreendidos com esse imenso vazamento de óleo nas praias do Nordeste, e que já atinge o Sudeste. Eu mesmo, em duas ocasiões, sujei os pés de óleo em praias bahianas. Como tenho trabalhado em Salvador, venho acompanhando a queda do consumo de pescado, e da frequência nos restaurantes típicos da comida litorânea bahiana. O prejuízo para os pescadores, os trabalhadores da cadeia produtiva do turismo e para toda a região Nordeste é imenso.

Claro que a demora em se detectar as causas (até hoje não se sabe exatamente quais), evidencia a falta de infraestrutura de segurança sobre a extração de Petróleo, em especial no nosso pré-sal. A começar por uma rede de monitoramento via satélite; passando pela modernização e reequipagem da Marinha Militar brasileira; e por rede de infraestrutura segura de terminais marítimos para armazenagem, classificação e transporte desse petróleo.

As operações de transbordo mesmo ilegais, as chamadas operações ship-to-ship em mar aberto, embora proibidas, ficaram evidenciadas nas investigações inconclusas sobre esse vazamento, que estão sendo realizadas ilegalmente em nossa costa marítima.

O custo elevado de fazê-las na Baía de Montevideo no Uruguai, por absoluta falta de infraestrutura no Brasil, acaba levando as companhias a achar mais fácil e menos custoso cometer o crime de realizar o transbordo em alto mar. Daí para um desastre ambiental é um pulo.

Um grande projeto de infraestrutura está parado há 10 anos em razão de entraves jurídicos absurdos e totalmente inconsistentes. Trata-se do TPN (Terminais Ponta Negra), um porto onshore ,com espaço para estocagem de petróleo, 100% abrigado e 100% seguro contra vazamentos. O “Porto de Jaconé” tem 30 metros de profundidade natural, há apenas 500 m da costa, podendo atracar grandes petroleiros, para estocagem e operações de manejo de petróleo 100% seguras. Fica absolutamente em frente às maiores jazidas e poços de produção nacional de petróleo do Pré Sal, em especial esse de Búzios leiloado mais recentemente por US$ 17 bilhões ,tido como maior do mundo no pré-sal!
Além disso, o referido Porto está a apenas 35 km da refinaria do Comperj, e por ele entra o gasoduto do Rota 3, prova inequívoca da sua incomparável localização!

Ao invés de chorarmos pelo óleo derramado. Devíamos levar mais a sério a infraestrutura necessária para garantir a posse e o manejo seguro das reservas do nosso petróleo, que são as maiores descobertas do mundo no século XXI. Investir no monitoramento em tempo real através de satélites, radares e sensores para proteger a nossa “Amazônia Azul”; estabelecendo planos de emergência para eventuais desastres ambientais; garantir o patrulhamento da costa, renovando a frota e a capacitação militar e tecnológica da Marinha, dentre eles, acelerar o programa do submarino nuclear; e garantir a infra estrutura de estocagem ambiental e estrategicamente segura, que tem no TPN, em Maricá, o seu melhor projeto, pronto para ser iniciado; são medidas essenciais para o Brasil! Chega de amadorismo e de atravancar o progresso com questões burocráticas do Estado que constituem verdadeiros abusos de autoridade contra a economia e os legítimos interesses nacionais, ambientais e populares.

A indústria do petróleo é coisa séria, estratégica e importante demais para o país. Já passou da hora de destravar esse país e defender a utilização racional e sustentável de suas riquezas em favor do povo e da nação!

*Washington Quaquá ex prefeito por 8 anos de Maricá RJ, maior produtor de petróleo do Brasil.