OPINA2DEZ - ARTE O DIA
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Por Adilson Mirante*
Presenciamos nas últimas duas décadas a transição cada vez maior do emprego, da indústria para o segmento de serviços, acentuada nos últimos anos pela crise de 2014.

Agora estamos presenciando a retomada do emprego na indústria, que está em 14 % força de trabalho, mas já foi 35%. Tendência mundial, alguns consideram que o ideal numa economia desenvolvida deve ficar na faixa de 17% como tem permanecido na Alemanha. Devemos considerar que essa mudança difere em países desenvolvidos, altamente desenvolvidos e países em desenvolvimento.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, mais de dois terços (67,7%) da população brasileira ocupada trabalha no setor terciário (serviços e comércio), 14,2% na indústria, 10,4% no setor primário (agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura) e 7,7% atuavam na construção.

Ainda segundo o PNAD, entre 2012 e 2015, o setor terciário teve aumento de quase 2,5 pontos percentuais de participação na força de trabalho ocupada, diante de uma redução de 1,4 ponto percentual no setor primário, a indústria de transformação, e de 0,5 ponto percentual para os setores de construção. Época de vacas magras.

O setor de serviços é formado por 62,4 milhões de trabalhadores, segundo o PNAD. Quase 1/3 (28,2%) dessa mão de obra é integrada por trabalhadores do comércio e do setor de reparação de veículos. Em seguida, o maior contingente de trabalhadores está ocupado em atividades relacionadas aos serviços de interesse público (24,5%), seguidos daqueles que trabalham no setor de serviços profissionais de diversas naturezas (17,3%).

Os serviços domésticos respondem por quase 10% de todos os trabalhadores ocupados no setor de serviços, enquanto as atividades relacionadas com alojamento e alimentação e aquelas referentes a armazenamento, transportes e correio apresentam participação muito próxima (6,9% do total de trabalhadores ocupados no setor de serviços).

Vamos presenciar a partir e agora uma mudança nesse cenário porque: o setor de bens de consumo não duráveis já está alavancando o mercado interno e vem crescendo acima de 5 % (alimentos, farmacêutico, cosméticos e higiene pessoal, embalagens e insumos). A produção de alimentos traz a reboque os fabricantes de insumos alimentícios, implementos agrícolas, agroquímicos, tratores e caminhões).

O setor de construção e saneamento básico, construção civil e infraestrutura serão priorizados nas privatizações, o que movimenta a indústria, siderurgia, de cimento, cerâmico, produtos químicos, tintas, tubos e conexões, iluminação e por aí vai. A indústria de bens semi-duráveis e duráveis, eletro-metalúrgicos, pega carona com a recuperação das vendas de eletrônicos, eletrodomésticos, equipamentos de movimentação, para logística e distribuição, novamente equipamentos rodantes. O crescimento dos investimentos, que já estamos presenciando em todos esses segmentos, traz cada vez mais, investimentos na indústria de energia, equipamentos e bens de capital, tecnologia em energia renovável e novos polos industriais para equipamentos de distribuição (transformadores, hidrogeradores, veículos elétricos, cabos de energia, painéis elétricos e iluminação).

Os leilões de óleo e gás já movimentam o setor de equipamentos off shore (barcos, navios, cabos, sondas, válvulas, tubos de aço, novamente o setor químico petroquímico, e por aí vai).

O ciclo de crescimento, assim, se espalha em toda a economia e os ajustes fiscal e da máquina pública geram a confiança para juros menores, investimentos maiores e inflação baixa.

Nossas exportações e a balança comercial continuam positivas mesmo com a valorização das commodities agrícolas que impactam o custo da carne, e grãos e elevam o custo nestes setores, mas o aumento de produção de nossa agricultura reduz o custo da produção de alimentos no mercado interno. E quem disser que não há crescimento com inflação baixa, joga contra. São as aves de mau agouro.
 
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*Adilson Mirante é presidente e fundador da M1 Alta Gerência.