Por Emílio Figueira*
A ONU estabeleceu, desde 1998, a data de 03 de dezembro como o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (PcD), com o objetivo de promover maior compreensão dos assuntos concernentes à elas e para mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem estar das pessoas na vida política, social, econômica e cultural. Uma data para se falar em direitos. Mas também para se falar de atitudes!

Durante décadas a imagem da deficiência foi como um “espelho perturbador” à sociedade, incomodando por trazer à tona medos inconscientes, a impotência em reconhecermos nossas próprias deficiências e fragilidades, derrubando falsos conceitos que somos perfeitos, sensações de beleza. E muitos evitavam ficar de fronte delas justamente para não perturbá-los em seus egos fragilizados e inseguranças mais secretas.
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Nos anos 1980 colocamos a cara na rua para lutar por nossos direitos e espaço na sociedade. Surgiria o conceito de Inclusão Social, uma grande revolução que abriu as portas de muitas casas de PcD, lançando-as pelas ruas rumo às infinitas possibilidades, atingindo campos e posições até então imagináveis à nossa classe.

Se antes as PcD poderiam ser um “espelho perturbador”, agora na Inclusão nossa imagem passou a se refletir de maneira positiva por temos o poder de adaptações em diversas situações. E a Inclusão nos trouxe vários desafios pessoais. Esse comportamento de superação nasce quando precisamos encontrar caminhos para coisas cotidianas. Com resultados positivos, alimentamos a autoestima indo para passos imagináveis.
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Mas nem todas as PcD estão tendo as mesmas oportunidades. Isso envolve questões culturais e pessoais. Existem pessoas humildes em longínquos lugares, desconhecedoras de seus direitos e dos recursos existentes. Vítimas de péssimas políticas governamentais. Pessoas que não foram estimuladas a procurar melhoras, conformando-se com o seu próprio destino como se a vida fosse um fato consumado.
Por outro lado, por cinco décadas, encontrei muitas pessoas acomodadas. Fazendo de suas próprias deficiências muletas, vitimando-se, usando das justificativas desculpas onde o culpado sempre é o outro.
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Há pessoas que vivem e há pessoas que são vividas pela vida, folhas secas que vão para onde o vento sopra. Tanto faz se são pessoas com ou sem deficiência. A melhor forma de ajudar essas pessoas, será apresentando-as aos seus direitos, fortalecendo suas autoestimas e os caminhos a serem trilhados.
Há duas formas de se viver. Os Essencialistas, acreditando que as coisas já estão pré-determinadas, que nascemos com uma essência que não vai mudar. E os Existencialistas, acreditando que nossa essência é construída com a possibilidade de ser, correm atrás de seus objetivos e sonhos, buscam oportunidades.
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Certamente, os Existencialistas estão nadando de braçada na Inclusão!
 
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*Emílio Figueira é professor e autor do livro “Psicologia e Inclusão"